Complicar. Este deveria ser nosso verbo principal. Tal como sorvete de
tutti-frutti, meu predileto. Gentilezas passam despercebidas. Nunca damos bom
dia ao entregador de jornais, boa tarde ao chefe ou boa noite ao guardador
ilegal de carros. O amor está no sorrir para as pessoas, mesmo que isso possa
lhe custar um dente a menos. Amar é tão simples. Basta simplificar. Detalhes
são detalhes. Laranjas são laranjas. Mas amar é simples.
Lembra-se de quando ouviu: “Filho eu te amo?”. Era tão fácil retribuir.
Poderia ter evitado o: “Vai arranjar um emprego, vagabundo!”.
O amor está no movimento. O nascer do sol, o morrer das nuvens, no
andar dos animais e na corrida para pegar o ônibus lotado.
Viva com amor. Tenha em mente que amar é simples. Seja um desbravador
do amor. Faça primeiro. Plante sementes. Não escolha, apenas plante. Pode
demorar a brotar no asfalto. Não desista. Alugue uma retroescavadeira. Destrua
tudo, mas plante o amor. Bons frutos nem sempre nascem em boas terras, já dizia
um tio meu. Ele nunca pegou numa enxada.
Não teorize o amor, pratique. Amar não requer preparo, mas empenho.
Empenhe-se em amar, e receberás o amor. Se não bastar amar, ame mais. Se amar
demais, dobre o amor. Se achar que já está no limite do amor, faça hora extra.
Ame cada segundo, sem se importar com o quinto dia útil. Ame o dia quinto e ame
o dia útil. Apenas ame, simplesmente. O amor se explica. Por isso ame! Ame,
ame, ame. Chega de não amar! Ame de uma vez! Está me ouvindo? Não vai amar?
Repita que não amará? Você vai amar esse pontapé! Tome! Tome o amor! O amor
dói! Doeu? Então é amor! Quer mais um pouco? Então ame, seu debiloide, antes
que eu lhe quebre os dentes dessa sua cara feia! Às vezes o amor é drástico. Mais
alguém ai disse que não amará? Tinha certeza que não. Ah... O amor! Simples e
ameaçador, como diria meu tio. Ele nunca amou.
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