tag:blogger.com,1999:blog-198282015214101932024-02-21T04:45:47.988-03:00Heterônimos AnônimosHeterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-46541799776336259672016-08-26T19:55:00.000-03:002016-08-26T19:55:02.728-03:00Comprar Livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://matheuspaulo%40outlook.com,%20alissonis%40live.com,%20editorascott%40gmail.com,%20daniele.lopes.f@gmail.com/" target="_blank"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwE7Kz8MO-S38XYPmE07sBqgtBLBvDiYZv5iskw_j6PqPEy1PekgFXA_i-bLLzdDxgvY7oARBbWAPuZNs8pQ7nbZ7TUUWB8lauT_Dpg_73HMnoWFq0U4h9pcCRnmOUaSW6WuUrmrKi8g/s320/CAPA+2.png" width="225" /></a></div>
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<span style="font-size: large;"><br /></span>
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<span style="font-size: large;">Atenção!</span></div>
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<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-size: large;">O livro já está a venda no site <a href="https://www.clubedeautores.com.br/book/214438--Heteronimos_Anonimos?topic=fantasia#.V8DHu_krLIV" target="_blank"><span style="color: black;"><b>Clube de Autores</b></span></a> pela bagatela de <b><span style="color: red;">R$ 36,13</span></b></span><span style="font-size: large;">. Sei que o preço não é muito acessível, mas é o que posso oferecer no momento. Quem se dispuser a ajudar, desde já, eu agradeço!</span></div>
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<br />Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-18447805463739997692016-07-27T15:04:00.000-03:002016-07-27T15:04:00.152-03:00EXPECTATIVAS – K.O.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5hpRsSlJQ7LF6M73r2CIX8AJ1pidxg_-mASrysICCIq6-wbw0EarTS_z3bH9FHFrPrpq1k-3ux3RxNrFiyKugr-AZ2o14c7CoSsLeMGszsuOcnXJLcVh_VnEPq44Nfl9pyaEZm6u05Q/s1600/7.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5hpRsSlJQ7LF6M73r2CIX8AJ1pidxg_-mASrysICCIq6-wbw0EarTS_z3bH9FHFrPrpq1k-3ux3RxNrFiyKugr-AZ2o14c7CoSsLeMGszsuOcnXJLcVh_VnEPq44Nfl9pyaEZm6u05Q/s320/7.png" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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Eu espero muito da vida, sabe? Tenho ideias, planos, objetivos e
expectativas. Mas para alcançá-las, terei de suar muito a testa de meus pais, é
claro, pois ainda sou adolescente. Uma das coisas que quero ser é médica. Andar
de jaleco branco, curar as pessoas como aqueles velhinhos do <i>Age of Empires</i>, ser bonita, enfim. Os
médicos parecem felizes. Assim como as girafas. Por isso também serei
veterinária, acho que não deve ser tão diferente curar animais. Gosto de gatos,
cachorros, mas só os fofos, né gente? Nem pensar cuidar de cachorro vira
lata... Eca! Mas minha vida não será só de curar, quero ter meu escritório,
como naqueles programas da TV, acho que serei advogada, pois quem tem
escritório é advogado. Vou andar sempre bem vestida. Ir àqueles tribunais e
defender os bandidos da polícia. “Este ladrão ordinário é inocente, caso
encerrado, meritíssimo!”. O problema vai ser quando os pacientes quiserem ir ao
escritório. Acho que deixarei um recado com minha secretária, “apenas doentes
que não sujem minha roupa de advogada”. Daí eu tive a ideia de ser psicóloga,
que cuida de loucos. Receberei artistas de TV e colunistas de jornais para
consultas. E é claro, onde eu guardar o jaleco branco eu guardarei também uma
camisa de força. Receitarei remédios também aos meus clientes bandidos, para
que não roubem mais. E perto da hora do almoço, darei um pulo no restaurante
para ver como está o cardápio, pois também serei nutricionista. Farei de tudo
para que os animais de que cuidarei tenham uma excelente refeição na clínica
que construirei, pois também serei arquiteta. Mas, convenhamos, farei um
projeto de uma clínica de advocacia, para que animais possam expressar seus
sentimentos, uma vez que farei uma coletânea para um livro, que se chamará: <i>O Senhor das Alianças</i>. É claro que este
livro será lançado em filme, e eu serei a elfa principal, pois também serei
atriz. Darei oportunidade aos meus clientes bandidos, como vilões na trama e
aos animais, que serão falantes. Quando eu estiver cansada depois de um dia
duro como este, irei me aposentar. Como estarei mais velha, serei astronauta,
pois astronautas não fazem mais nada além de ficar comendo e bebendo no espaço,
é mole? Quando retornar a Terra, irei viajar pelo mundo, conhecer lugares
exóticos, irei a Disneylândia e a parques de diversões, comerei muitos doces e
irei brincar de muitas coisas. Quando estiver cansado de ser aposentada, irei
trabalhar de C<i>all Center</i>, para passar
trotes e, por que não, vender qualquer coisa que precisarem e depois, por fim,
serei atendente de alguma sorveteria, onde o salário seria justamente sorvete.
Bom, é isso, acho que farei muita coisa quando me tornar adulta, tenho mil
sonhos e desejos. Todavia, meus pais sempre dizem que é preciso ter muito
dinheiro e tempo para isso. Ora, bolas! Nunca ouviram falar na casa da moeda?
Abrirei uma franquia e meus clientes bandidos, posteriormente curados com
minhas terapias, trabalharam lá. As coisas são tão fáceis de fazer e os pais
sempre complicam. Ainda bem que sonhar não custa nada!<o:p></o:p></div>
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<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12745&categoriaid=16" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVW2_-wX6VjYbQnqUjvJds53ByViLe4OtBHrtAB5B5D2OWyZ6aCgKSR1LWZODvCoeUJkzPRNvt0nmv3Zv-lJJpxMiMMTZJegiRlMqVk32A61YOvG_3TE0k2ojsDdQfUPpnTFd7cNAAUg/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
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Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-17223460524839968352016-07-25T15:34:00.000-03:002016-07-25T15:34:00.774-03:00A CÓLERA NOS TEMPOS DE AMOR – L.B.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxvcpzXLeyDdtC3GqfsXJTWA8VIxe_trMOb-k_yxslCzOiTST5DSR7DffQmoMaCKxHfpgnLgz_m53QiI6DeQeUecuoqGYCyyv60A6TvVzgQno2lZj2MZbo7gA4qqsexkfVGho8vHBrpA/s1600/3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxvcpzXLeyDdtC3GqfsXJTWA8VIxe_trMOb-k_yxslCzOiTST5DSR7DffQmoMaCKxHfpgnLgz_m53QiI6DeQeUecuoqGYCyyv60A6TvVzgQno2lZj2MZbo7gA4qqsexkfVGho8vHBrpA/s320/3.png" width="320" /></a></div>
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Titonho gostava de mandar e-mails. De quando em vez, ele inventava um
endereço e mandava assim mesmo, sem conhecer o destinatário e sem saber o que
lhe aguardava na resposta. Nada o impedia, intimações da justiça, promoções
imperdíveis, uma vaga de emprego com 528 candidatos já inscritos, devocionais
de saúde, entre outros. Até o dia em que uma pessoa, que não era jurídica, lhe
respondeu. Era Josefina.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Josefina era a filha de Demerbal, o chefe da repartição de e-mails da
qual Titonho trabalhava. Ele percebeu
que ela havia respondido diretamente para ele, sem cópia para ninguém
(diferente das pessoas que mandavam reclamações com cópias até para o Papa).
Ela disse: “Oi, garotão, <i>what’s up</i>?”.
Ela era jovem como ele, então as gírias são compreensivas. Ele respondeu: “Você
é a filha do seu pai?”. Ela replicou: “Sim...”. Bom, depois de mais uns oito
e-mails, Titonho pediu Josefina em casamento. Ela aceitou. Mas Demerbal ficou
sabendo. Ele conhecia um hacker que conseguia acessar o histórico de acessos de
qualquer um, apenas sequestrando o indivíduo e simplesmente exigindo a senha do
e-mail para liberação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Demerbal demitiu Titonho, que foi trabalhar em uma empresa
cartográfica. Ele agora mandava cartas para Josefina. Depois da 14º, Demerbal
descobriu tudo e mandou capangas até o remetente dar uma surra em Titonho. Ele
acabou indo morar em um albergue, de onde continuou em seu sonho de casar-se
com Josefina, desta vez mandando mensagens por pombo correio. O que aconteceu?
Demerbal tinha um criadouro de pássaros. Ele mandou o pombo de volta com
falcões e águias para bicar a cabeça de Titonho. Ele, sem querer desistir de
seu amor, tentou o morse, enviados de uma prisão turca, da qual ele,
deliberadamente, se dispôs a cumprir pena. Demerbal se chamava Demerbal Morse.
E ele era descendente de turcos. Na verdade, de prisioneiros turcos. Titonho
saiu pelo ralo, literalmente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Passados 50 anos, Titonho, já com as marcas da idade no rosto, decidiu
fazer aquilo que nunca havia tentado e que poderia representar seu fim: pediu
Josefina em casamento, pessoalmente, na presença de Demerbal. Demerbal aceitou.
Até disse para Titonho posteriormente: “Achei que fosse medroso, mas agora
percebi que não”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Feito isso, eles se casaram. Titonho e Josefina viveram felizes em uma
casa de repouso durante sete meses, até a aposentadoria ter sido suspensa pelo
Ministro da Previdência Social. Eles, sem alternativas, foram viver na casa de
Demerbal. Demerbal não aceitou. Ele respondeu: “Depois de tudo o que passamos,
é assim que me agradecem?”. Por e-mail. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Não culpem Demerbal. Ele nunca se deu bem com as tecnologias. <o:p></o:p></div>
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<a href="http://cronopios.com.br/content.php?artigo=12703&portal=" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGHdoMud3tCk_HXLJN-ugu-g4_kTIZjDfpQLY9xJIiaGmIR47_SC1CcsdTfAt8bOaAfLK9tb3akwoFMOfEDosI2WdyG8tTM22ndCMf5CXtZtqrmWNJ137Ejy2TJ8OcZkBK1xtUj8zb5g/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
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<br />Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-11693653438396234852016-07-24T15:39:00.000-03:002016-07-24T15:39:00.698-03:00O MORALISTA E EU – G.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0e0heQ7w42vVBU5wTnJUJBd9i7KN8w4M3q548kpW8yvgrZdeIWlDQQ3gfEH68zUJKXf6xy0fevFSPp0Usr8Mn7MhouG5zG2B74zvL_qqbVAamUKdphbABYfuUb2CIXSS3kEzGbSdrqg/s1600/IMG-20160126-WA0004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0e0heQ7w42vVBU5wTnJUJBd9i7KN8w4M3q548kpW8yvgrZdeIWlDQQ3gfEH68zUJKXf6xy0fevFSPp0Usr8Mn7MhouG5zG2B74zvL_qqbVAamUKdphbABYfuUb2CIXSS3kEzGbSdrqg/s320/IMG-20160126-WA0004.jpg" width="192" /></a></div>
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<br /></div>
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<div class="MsoNormal">
Não param de chegar cartas aqui na redação do jornal insinuando que eu
sou o Moralista, talvez pelo fato de ele nunca sair em público. Pois bem, eu
não sou. E o próprio provará. Estive com ele esta semana para uma conversa
rápida, já que, para mim, é corriqueiro estar na mídia e cercado por pessoas
influentes - apesar da minha pose socialmente preocupada na linha de frente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ele foi meu tutor por 20 anos, durante o ensino fundamental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Falando nisso, nosso papo principal foi sobre a situação atual
momentânea do nosso país. Estamos num intervalo de intenso otimismo, e ele, não
poderia deixar de observar: "A política econômica a que estamos
acostumados me preocupa; mal chega o dia 15 e já estou pedindo fiado". Ele
ainda fez observações sobre a projeção do PIB: "Não faz sombra nem pra um
mosquito". Eleições de 2016: "Votar em X ou Y não vai resolver. Por
conta disso, votarei em Z", proclamou em tom poético. E, ainda, a
inflação: "Coloco todos os dias um marca-passo para ir ao mercado".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sobre esporte, ele se mostra sempre bem entendido. Sabe desde futebol
até bocha. Sobre a Copa de 2014 no Brasil, ele foi curto: "Piada com
desconto em folha". Disse acompanhar todos os outros esportes no país:
"gosto dos esportes que o Brasil mais valoriza, como o futebol e o
futebol". <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
A versatilidade dele é imensa. E não poderia deixar de falar da
sociedade que o rodeia (rica) e que o chateia (pobre): "Quem é pobre
sempre aparece" e "nada mais engraçado do que o pobre, consegue
sorrir com sua desgraça - que nós provocamos! Que hilário", finalizou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12704&categoriaid=16" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5cIRgPdQkE6K-1RwbY4WlHbfyr8kUxMCtJd4HFYm1U4sR93frGzUjqqtQfXK4rfwKi5tg7bpUKnPaUtPTkxJPr2EXnayyOaoPSO0s6X3KZj-zTTEBBzmdqx6WZ2gVAD27Eyl5RR8-fQ/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-64835773149796115772016-07-22T11:26:00.000-03:002016-07-22T11:26:05.990-03:00A INTERPRETAÇÃO DOS PESADELOS – M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_U37Z5b2OGxk36fV_jkmUxGYj3dRMFfv0ZU4aguIw3A-B64zNaEK1Te42yPtNW1GV34oQrJgukXiv0HJzbU6oD4X_3eK9F1E4Tv4Jmnkifil6Bbx47aOQqoHbEubSNqBzgKmksaA6PA/s1600/nada+a+ver.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_U37Z5b2OGxk36fV_jkmUxGYj3dRMFfv0ZU4aguIw3A-B64zNaEK1Te42yPtNW1GV34oQrJgukXiv0HJzbU6oD4X_3eK9F1E4Tv4Jmnkifil6Bbx47aOQqoHbEubSNqBzgKmksaA6PA/s320/nada+a+ver.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Muita coisa interessante foi descoberta no século XIX: Meucci inventou
o telefone, Edison a lâmpada incandescente, Mendel fez grandes descobertas no
campo da genética e Darwin fez uma interessante viagem de barco e conheceu
tartarugas. Mas acredito que o campo mais interessante foi o de Sigmund Freud.
Ele foi o primeiro escritor que tive que ler oito vezes o mesmo livro para
entender o que queria. Ainda assim tenho lá minhas dúvidas de interpretação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Muitas das descobertas de Freud foram descobertas baseadas em sua
própria experiência problemática. Isso me chamou muito a atenção durante alguns
de meus pensamentos filosóficos enquanto vendia bilhetes falsos nas estações de
trem. Podemos até mesmo amostrar com outras pessoas, mas nada como observar
isso na própria pele. É dele o conceito
de “Complexo de Édipo”, no qual a criança tende a gostar mais do pai ou da mãe,
dependendo de quem liberar mais o videogame.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fiquei pensando muito tempo sobre os temas que ele estudou. Seu livro
mais famoso, “a interpretação dos sonhos”, já diz tudo. Sim, ele interpretava
sonhos. Não como os atores brasileiros interpretam nas telas, como se não
soubéssemos que estão mentindo, mas de uma forma mais condizente. Por causa
desse livro, cheguei a uma conclusão importante: “Triste é aquele homem que sonhou
com os números da loteria em romanos e não sabe fazer a conversão”. Talvez desse ponto surja o princípio de minha
tese da interpretação dos pesadelos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alguns dos meus colegas de trabalho afirmaram que eu era louco por ler
os trabalhos desse austríaco. Loucos eram eles: eu nunca trabalhei. Na verdade,
certa vez li tanto os livros dele que pensei eu mesmo estar louco, como
constatou para si o Alienista, mas ao invés de me isolar num hospício, tentei a
hipnose. Confesso que na época eu não encontrei os métodos freudianos desta
prática, já que ele mesmo havia abandonado. Então tentei assistir o telejornal
chamado “tendencial”, e acabei dormindo e sonhando que eu estava bem informado.
Mas não estava, era um pesadelo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Daí, conheci um antigo professor chamado Assis de Machado, que também
era lenhador. Ele conhecia Freud como ninguém (era louco). Ele disse que
pesadelos, segundo o psicanalista, derivavam de nossos próprios medos. Ele, por
exemplo, tinha medo de quando chegava eu sua casa a conta de luz. Todo o começo
do mês era uma aflição. Ele chegou a sonhar que a própria usina hidrelétrica, a
termelétrica, as torres eólicas e os painéis solares vinham lhe cobrar a
energia gerada durante o mês. Ele inclusive tentou sobreviver apenas com lenha.
Desta vez as árvores lhe cobraram a dívida durante o sono. Foi então que ele
resolveu encarar seus medos e começou a pagar as contas. Seus pesadelos sumiram
e as distribuidoras de energia se salvaram da falência.<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
Ele acabou fazendo sua tese de doutorado sobre o assunto, entretanto,
no dia da entrega, ele esqueceu onde havia deixado sua monografia. Foi reprovado
e excomungado da comunidade acadêmica por 15 anos. Uma semana antes ele me
solicitou para dar uma olhada no trabalho e deixei em cima do fogão a lenha.
Antes que minha sobrinha acendesse o fogo, resgatei-o, mandei para uma revista
científica e concorri ao Nobel de medicina. Mas calma, não o culpem por ser meu
amigo. Isso tudo foi apenas um sonho (ou pesadelo?).<o:p></o:p></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/a-interpretacao-dos-pesadelos-7469432.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho7TRTUqDV8E2rNbLZbjfZ8StjhueKiliquq7eQba7JmGhsU-iBZwtpyoE3lPI-upTjuPBoJxnAla49Wx4JxtZbvTBW4GV2TjCznKUQt2JdXuNp9IlqgEUeMLcaWOryhd3i96ayLMZog/s1600/artigonal.png" /></a></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-23597984261683295342016-07-21T11:12:00.000-03:002016-07-21T11:12:01.100-03:00COMO CRIAR UM FILHO – D.B.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ-CBTBPauZr4jpTxx6g_IKaP_l0CCwUcmnnv3LMiXqEo39CWv5gkwn5kMsLGIw5zrkwML8I6Y0CHXXHN1LAd_pX_nsuFq0OX4auTswvOU8v2vsiVTyOtK_rGKHp0lXLfaVhfIczZqCw/s1600/outra+imagem.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ-CBTBPauZr4jpTxx6g_IKaP_l0CCwUcmnnv3LMiXqEo39CWv5gkwn5kMsLGIw5zrkwML8I6Y0CHXXHN1LAd_pX_nsuFq0OX4auTswvOU8v2vsiVTyOtK_rGKHp0lXLfaVhfIczZqCw/s320/outra+imagem.jpeg" width="226" /></a></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bom dia. Hoje, humildemente, quero explanar sobre como se criar um
filho. Pois depois que eu criei um, qualquer paspalho pode criar, é claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Primeiramente, não é necessário ter experiência. Um dia fomos filhos. E
um dia nossos pais foram filhos. Então já era, certo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Feito isso, viva normalmente. Eu, por exemplo, gosto de pescar na roça
no domingo. Mas detesto quando meu filho chora em cima do barco, espantando
todos os peixes, e como minha mulher está trabalhando (segundo diz a canção),
tenho que dar um jeito. Definitivamente detesto pescar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Então vou para o bar beber uma cerveja. Mas o Morcilha, dono do bar,
nunca tem leite em mamadeira. Sequer leite ele tem. Meu filho sempre chora ao
ouvir o Candongo cantando seus pagodes. É de doer os ouvidos. Mas para o bebê é
pior, pois seus ouvidos são mais sensíveis. Absolutamente eu não gosto de bar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo, tento ver o jogo do Flamengo e Corinthians tomando a cerveja que
deveria ter tomado no bar. Mas logo vem a cagança. E não é do jogo em questão.
É do moleque mesmo. Tenho que trocar aquela meleca que parece o cérebro do
apresentador do programa posterior ao jogo. E cheira pior que purê de batata
estragada. Categoricamente eu não gosto de futebol aos domingos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para ser sincero, meu filho não dá nenhum trabalho. É fácil cuidar
desses pequenos detalhes cotidianos. Principalmente quando você pode pagar por
uma babá como eu. Daí eu posso pescar, beber e curtir um futebol sem me
preocupar com o meu filho. Quando eu era pequeno as coisas eram mais difíceis.
Meu pai me dizia: “Filho, faça por merecer!”. E é isso que eu faço com meu
garoto, mesmo que ele seja um bebê. Demiti a empregada e o deixei sozinho
durante o último domingo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É claro que eu levei umas bofetadas de minha mulher por isso. Mas eu
estava sendo original, sendo eu mesmo, um paspalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aos trancos e barrancos ele cresceu, hoje está com cinco anos. Aos três
fomos a Disneylândia, e aos quatro, a agência de viagens me processou por eu
não ter quitado a dívida e fui para a cadeia. Mas como tinha amigos influentes
na chefatura (que eram subordinados ao conglomerado de mídia a qual eu faço
parte), consegui um habeas porcos. Meu filho não sentiu minha falta, e até
aprendeu a andar, falar e a tocar violino durante esse tempo. Quando eu voltei,
ele esqueceu tudo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bom, acho que era isso. Criar um filho é tão fácil quanto juntar a
documentação para um processo seletivo de bolsas do governo. E fique tranquilo:
quanto se sentir incapacitado, ligue a caixinha mágica a sua frente na sala que
eu lhe darei algumas dicas. De muitas coisas, e também de como criar um filho.
Pois o mundo tem muito a oferecer a seu filho. E isso, terminantemente,
qualquer paspalho sabe. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/como-criar-um-filho-7469435.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtdWqJLW2ty7prxLusmcvQEC1V7lf4Ycnmh8fKkB9SanahRzOSujcwgN9qULo8qjewKt46ivliJPNz3fUJgSWhZnxTrt1ICRvcwzi7Ahn7OCRoYTdE5q4NEeJsb6gNpDRMt5-gtGhzQ/s1600/artigonal.png" /></a></div>
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<br /></div>
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Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-41851939113778116002016-07-20T13:02:00.000-03:002016-07-20T13:02:12.239-03:00O PRIMEIRO AMOR – L.B.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiofGfRtTQNNs2WLegbELR_2c_rHsPUMAAmAh-OLvO9AH60RY-vBB6j_OTLksptsn0tKdgASkXIutQx1yaWDaz3fhTTe-WILyTUgaZOOsJS7lDb-nf3-qWyFOVYI1Zp-9jGP79hO9_b9Q/s1600/BRAZIL.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiofGfRtTQNNs2WLegbELR_2c_rHsPUMAAmAh-OLvO9AH60RY-vBB6j_OTLksptsn0tKdgASkXIutQx1yaWDaz3fhTTe-WILyTUgaZOOsJS7lDb-nf3-qWyFOVYI1Zp-9jGP79hO9_b9Q/s320/BRAZIL.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desde os tempos mais primórdios, como cantam os sambas-enredo, o amor
está aí. Seja romântico ou cruel, na primavera ou na delegacia de polícia.
Muitos me perguntam: “quem foi o teu primeiro amor?”. Apesar do enxerimento,
sempre digo que foi há muito tempo. Quem? Bom, depende do que seria esse
primeiro amor. Às vezes podemos pensar na mãe. Ela nos trouxe ao mundo e nos
ensinou a andar e falar. Ensinou a chorar e ser responsável. A compartilhar e a
amar. Ela nos amou primeiro! Mas esqueçam dessa teoria e vamos para o meu caso:
eu nasci de uma experiência científica que deu certo (apesar do que dizem), e
hoje possuo alguns neurônios mais avançados que a maioria dos seres humanos.
Consigo, inclusive, ver o que as pessoas pensam enquanto estão amando, ou seja,
em amor. Como fui criado em laboratório, meu irmão mais velho era um ratinho,
chamado Larry. Ele havia sobrevivido a uma experiência a qual me deu a
oportunidade de ser o pioneiro humano de tal experimento. Apesar disso, ele não
foi meu primeiro amor, nem o Dr. Carlos Cubano, autor do experimento, nem as
enfermeiras, tão pouco os medicamentos. Foi o espelho. Quando vi aquele homem
em minha frente, me apaixonei. À primeira vista. O experimento foi um sucesso. Como
não me amar?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se toda essa baboseira não for meu primeiro amor, então foi no colégio.
Uma menina chamada Valentina me bateu por eu ser assim, um amante natural. Ela
notou que ao socar minha cara, eu ainda continuava com os olhos nela. Isso a
fez amolecer o coração e as pancadas viraram afagos. Alguns anos mais tarde me
ligaram do esquadrão antissequestros para auxiliar em um caso. Valentina era a
chefe dos atiradores de elite. O sequestrador hoje é casado com ela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se ainda isso não servir, fico com meu casamento. Eu sonhava tanto em
casar que quando acordei, já estava no altar (caído por ter dormido). E ela
estava na minha frente, vestida de noiva. Era linda. Pedi seu telefone. Ela se
fez de difícil. O pastor pediu silêncio. Mas eu estava apaixonado, e a chamei
para dançar. Todos ficaram atônitos, a minha futura sogra dizendo “eu já
sabia”, os padrinhos cantando um samba, e os convidados aos poucos entrando no
ziriguidum. No fim do dia, durante a lua-de-mel, sonhei que havia acordado. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Bom, se isso não bastar, eis minha ultima ficha: minha cadelinha Xina.
Ganhei-a aos 14 anos. Eu cuidava tanto dela e a amava, mas um dia ela me
abandonou. Fiquei desolado. Meu primeiro fora. Fiquei dias no quarto lendo
Crepúsculo e ouvindo sertanejo. Quando me recuperei, anos depois a encontrei,
feliz, comendo ração em alguma casa próxima a minha. “Não sabia que ela comia,
achava que funcionava com pilha”. Bom, vivendo e aprendendo, e ao menos eu
estava vivendo. Mas amando, sempre. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/o-primeiro-amor-7469426.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxzb7xCZMgdchTNdn1fTN3ZHPS-MUUcsEYTnLA7sIwR83nAaV7XyZrB40CXf7_b5mGFioodNhP4UpdlsB8LQ53Ucr0O1FSHthAxdSjCxIJPUBdzhFuGgG8oyuiOmziVhbx6lDp2g24Jw/s1600/artigonal.png" /></a></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-60180252481760612132016-07-19T15:06:00.000-03:002016-07-19T15:06:04.109-03:00PEDIDO DE CASAMENTO – C.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfzat6xhYNRamnH56BJDRmRmMcgdcSVV2Rw_kBE6Llys9Z3-gEup66l85YwbNxpUnNT6s1hI7wTgF6qGVa6HscsvDFy8yxbGxbWlI88gVvZdkFNSUiaNbR6uRKUr_n7cIACyAZPki-6g/s1600/IMG-20160201-WA0017.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfzat6xhYNRamnH56BJDRmRmMcgdcSVV2Rw_kBE6Llys9Z3-gEup66l85YwbNxpUnNT6s1hI7wTgF6qGVa6HscsvDFy8yxbGxbWlI88gVvZdkFNSUiaNbR6uRKUr_n7cIACyAZPki-6g/s320/IMG-20160201-WA0017.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Narciso estava pronto. Tinha decidido que naquele dia iria pedir
Bromélia em casamento. E havia se preparado para tanto. Seria uma noite
escolhida em cheio, céu estrelado, luzes da cidade, primavera, maio. Ele havia
comprado um terno de tweed, talvez o mais caro, que iria usar naquela noite..
Tinha pensado em tudo. Encomendou com um mês de antecedência, na alfaiataria <i>Boulevard Bolchevique Gorbachev-Reagan</i>.
Suas medidas eram 30 de tórax, 45 cm de busto, 75 de arbusto. Mas não precisava
se preocupar, pois o alfaiate era norueguês, e isso representava segurança e
confiabilidade. Um dia antes chegou a sua casa um perfume vindo de Paris,
chamado <i>Mont Serrat, nº15</i>, que, no
mundo, só havia 10. Reservou uma mesa no <i>François
Peperoni di Barcelona</i>, o mais elegante restaurante da cidade. Três
presidentes haviam jantado naquele restaurante. O dono do restaurante,
inclusive, fora amigo íntimo de Frank Sinatra e Amadeus Mozart (ignorem a
questão cronológica). Sua mesa era a mais próxima da sacada que dava vista à
torre Eiffel. A mesa e a cadeira haviam sido preparadas para o encontro, sendo
o material produzido com madeira de lei vindo da Amazônia, os estofados eram de
linho e a textura lembravam os brancos marfins. Havia na mesa um lustre grande
e dourado, além de todo o jogo de jantar em porcelana artesanal. Havia flores
em diversos vasos próximos a mesa, o que iria ajudar na aromatização do local.
O garçom já havia separado um vinho <i>Chardonay</i>
Francês, achado por arqueólogos e datados da época de <i>Tutankamon</i>, mas que iria chegar à maturação exatamente no momento
que fosse servido. O vinho acompanharia uma massa preparada por Mario Luigi, o
maior <i>chef</i> de cozinha italiano e
também encanador nas horas vagas. Além disso, dois violinistas da Orquestra
Sinfônica de Londres tocariam<i> Io Che Amo
Cholo Te</i>, juntamente com uma mezzo soprano argentina. Após o jantar, seria
servido um profiteroles, onde estariam escondidas as alianças. De ouro, com
diamantes de 64 quilates, poderiam encantar qualquer mulher apenas com seu
brilho. Ele iria chegar às 20 horas, de limusine <i>Mercedez</i>, que seu chofer Rosamundo Pilcha estaria pilotando. <o:p></o:p></div>
<br />
<div style="margin: 2.5pt 0cm;">
No decorrer da
noite, Narciso ouviu três frases que jamais esquecera. Primeiramente, “não”.
Posteriormente, “pois você é muito criterioso”. E por fim, “mas nada impede que
sejamos amigos”. Bromélia não havia desprezado o esforço de Narciso. Mas seriam
assim todos os dias do casamento? Investiria isso tudo nela pela eternidade?
Pode-se comprar o amor? Não podemos culpá-la, então. Narciso não pensara assim.
Mas com classe soube resolver a situação. Enviou os boletos de tudo para o
endereço de Bromélia e fugiu para o Camboja. Hoje é camponês. Encontrou Jasmin.
Pediu-a em casamento. Sem pompa. Levou outro “não”. “Narciso não é homem para
casar”, dizia sua avó. Narciso não ouve. Ele age. E paga.<o:p></o:p></div>
<div style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/pedido-de-casamento-7463764.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTA6Vhyfm6BEiWOj0sEgAKOaVhPKE2sxRrLjkvEHUAeOFi7jr5MCQLJELQEfV3IBcP6Mp8KyCsHWQ4em5xkh2gyrb43uKcmoBbrHvSjN1LBduSmsCa7iVv1KiAN5BZhxBjP8GKTelGtg/s1600/artigonal.png" /></a></div>
<div style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-64943772832937116462016-07-18T15:00:00.000-03:002016-07-21T14:57:12.123-03:00COBRINDO A QUEDA DE UM MURO – G.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXl4Djysa_wNWsrblVdz2wbq_Vhm_B5qLFz2ACnjWnxkRspgX2Sfoe_DEWi81M3KLQQo1o1VfpLiO_sorpYXBVNmASf5jtXl3YsJtw4M9k97zHJsZcFRwQYReckEhdDOLVrnax2Es3bw/s1600/IMG-20160201-WA0012.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXl4Djysa_wNWsrblVdz2wbq_Vhm_B5qLFz2ACnjWnxkRspgX2Sfoe_DEWi81M3KLQQo1o1VfpLiO_sorpYXBVNmASf5jtXl3YsJtw4M9k97zHJsZcFRwQYReckEhdDOLVrnax2Es3bw/s320/IMG-20160201-WA0012.jpg" width="314" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vamos falar da minha primeira viagem internacional. Tudo bem. Não foi
tão longe. Fui comprar roupas em Rivera, no Uruguai. Vamos falar da minha
segunda viagem internacional. Foi em 1989. Meu objetivo era cobrir os protestos
pela queda do muro de Berlim. O maior protesto foi no dia 4 de novembro e me
mandaram apenas no dia 8 (o jornal que eu trabalhava na época não era grande
coisa). Além disso, exatamente neste mês, o jornalista internacional Bernardo
Checkin fora encontrado na Tanzânia, com pneumonia. Ele havia sido visto em imagens
iranianas, no funeral do Ayatolá Khomeini, em junho, sendo que ele estava três
dias antes na China, cobrindo os protestos de estudantes, sendo este último seu
trabalho original. Doente e longe da Europa, Checkin mal podia levantar uma
pálpebra (seu colega de quarto no hospital via TV o tempo inteiro). Então, lá
fui eu novamente. Sorte que tinha um passaporte e um guia de alemão. Não sabia
se entenderiam meu inglês, pois nem mesmo os ingleses entenderiam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu estava atrás do “Berliner Mauer”. Tudo o que queriam os alemães,
tanto comunista “democráticos” quanto capitalistas “federalistas” era a
unificação. E eu, queria apenas um hambúrguer alemão (de graça, pois estava com
o dinheiro contado). Depois de um anúncio na TV, a qual eu tive que assistir na
rua, pois o hotel ficava no lado Lenin da força, os alemães foram “liberar as
passagens” na marra. Alguns carregavam marretas, não biônicas, o que
significava que o muro viria abaixo. E veio. Na minha perna.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Antes disso, entrevistei uma alemã, pela linguagem universal de sinais
(que na verdade nem quem sabe um pouco de LIBRAS me entenderia), e ela me disse
que estava feliz por poder ir e vir na própria cidade, no próprio país. Logo
após, ela despareceu na multidão, que cantava o hino da Alemanha, ou pelo menos
parecia. Em pouco tempo, com o muro tomado pelo povo e sem os guardas que o
mantinham, o paredão vinha abaixo. Apesar das imagens da TV não mostrarem, o
primeiro pedaço do muro caiu na minha frente. Que emoção! Ao menos até chegar
tão próximo de mim que atingira minha perna. Naquele momento, comecei a
perceber que um muro não era tão mal assim. Veja só o muro das lamentações? Mas
já era tarde. Eu acabei não vendo todo o espetáculo. Mas senti na pele o fardo
que aquele muro representava. Literalmente.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Os alemães, sem muita preocupação, me deixaram em um hospital da
Alemanha Ocidental. Era melhor que meu hotel. Eu estava bem apesar do susto.
Mas assim como Checkin, mal podia abrir meus olhos: naquela Alemanha os
hospitais tinham TV nos quartos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12729&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAdx0xduBv73OL6hO2ZS0MmLbly2cGz2xl4K50t8SLQJioaYD-S6HheOiqQdRC1hAu1UXmZNWd8BhLmm0KyygWe_7Ge4KCoAfdKIcjQ1HGFS7CUqeOsxtM9FZOUqcbrRI-UsydYYMc6w/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-63562065872461051052016-07-17T14:56:00.000-03:002016-07-20T17:06:59.079-03:00SEXTA-FEIRA 13º – T.M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsS1wzWt8rGAkGwkOVZGMtqak4d5F0Meiqs4Lk5KmofUOr3YK98OgVu-McbOMnpYFFaFbO02haUdpVdG93sU1PpKu7njnuoRPzCwOhTNiIQUMJ_pBEsmAw4eGWTaUJFAI4l5AKGNoCfQ/s1600/IMG-20160625-WA0002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsS1wzWt8rGAkGwkOVZGMtqak4d5F0Meiqs4Lk5KmofUOr3YK98OgVu-McbOMnpYFFaFbO02haUdpVdG93sU1PpKu7njnuoRPzCwOhTNiIQUMJ_pBEsmAw4eGWTaUJFAI4l5AKGNoCfQ/s320/IMG-20160625-WA0002.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, lá estava Bob esperando seu 13º. Lá estava mais uma miséria. Bob
tinha que sustentar um orfanato trabalhando duro em uma loja de sapatos. E a
moda agora era usar chinelos. Chinelos da alta sociedade, chinelos de time de
futebol, chinelos social, chinelo casual, chinelos de banho, chinelos de
trabalho. E, bem por isso, a loja de chinelos estava faturando tudo, e a de
sapatos, nada (a idéia era de que a loja de sapatos também vendesse chinelos,
mas isso ia de contra aos padrões deste conto)... Mas Bob sabia que não ia ser
demitido, pois trabalhava na empresa há 13 anos, nunca se atrasou e tão pouco
roubou dinheiro do caixa. Ou seja: a miséria ainda valia a pena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para sustentar 13 crianças, Bob ainda vendia camisetas de "Não use
drogas!", doadas gratuitamente por uma instituição do ramo. E vendia caro,
o esperto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bem... Foi naquela sexta-feira, 13 de dezembro, as 13hs da tarde, o
chefe de Bob, conhecido como Don Ruan, rei dos sapatos e galanteios, fez a
seguinte proposta:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Servo maldito! O que preferes? Ganhar seu salário mixuruca agora ou
ganhar uma comissão extra por uma entrega, adjunto? Estou certo que vale a
pena...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, vossa majestade, quero fazer essa entrega!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Pois bem. Aqui está o endereço e as caixas de sapato do tipo
"Panquecas". <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quero que entregue antes da meia-noite! Huahuahuahuahuahuahua! - disse
o safado, rindo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Me dê essas caixas, velho! - irritou-se Bob, que fez cara de poucos
inimigos a uma senhora que passava pela rua.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bob colocou as 20 caixas na parte de trás de seu Fiat 147 velho em
folha. E antes que os amigos da loja ajudassem a empurrar a carroça, Bob fitou
o endereço: Rua Sexta, 13 - Bairro Bem Mal-assombrado/Rocktown.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Mas onde fica isso? - perguntou para seu espelho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo o GPS foi acionado. Mas nada. Bob teve que parar seu veículo em
uma Lan House. Era uma daquelas na beira da estrada. Tinha um senhor, parecido
com o Spectro Man, que fez o cadastro de Bob, que se auto-apelidou de Freak.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Como é que se escreve? <span lang="EN-US">Frik? Freek? Werick? Maverick? Rick? </span>Mickey? Dick (Moe)?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Não! Eu disse Freak!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, lá estava Bob usando o site de busca e apreensão. Ele não achou
Rocktown nos mapas, mas achou uma história sobre onde ficava (estava na
Desciclopédia). Ficava entre Oiapope e Chuí. Ou seja, tudo indicava que ficava
na Área 51, entre a 52 e 50. Próximo ao Acre. Lá estava Bob na estrada
novamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Tchau, Brik! - disse o dono da Lan.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- É Freak! - respondeu Bob.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Foi o que eu disse, Hick.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bob estava exausto. Queria entregar logo aqueles sapatos. Para isso,
teve que aumentar a velocidade de 20km/h para 60km/h. Isso fez com que a caixas
de sapato se movessem alguns centímetros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O vendedor de sapatos parou logo em seguida. Havia uma placa. Contudo,
estava toda amassada. Teve que parar o carro e conferir o que estava escrito.
Sim, lá estava escrito Rocktown. Pensou consigo que aquela cidade poderia ser
detestada pelos motoristas. Só que Bob avistou a trilha que o acidentado fez,
pois não havia muitos destroços por ali. Como não tinha nada a perder (apenas
sapatos), percorreu com seu carro toda a extensão da trilha formada pelo carro.
Ao descer um tanto, observou o veículo do acidente: um carro legal. Não havia
nenhum escritor dentro, tão pouco pegadas de enfermeira psicótica por perto.
Então, pensou em coisas do além, mas resolveu seguir a trilha na mata.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, lá estava Bob diante de prédios e edifícios que nenhum ser humano
podia ver em qualquer horizonte. Muito menos em uma zona rural como aquelas.
Bob, enquanto manobrava seu 147, admirava também que esta cidade não tinha
pessoas, diferentes de muita gente no mundo, que não tem prédios. E como se
tudo fosse controlado por controle remoto, mesmo sendo pouco mais de 13hs, a
noite caiu. E a casa também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O garoto parou seu carro. Estava exatamente na rua e no número da
entrega: Rua Sexta, 13. Era um prédio de (8 deitado) andares. Só que ele mal
entrou e viu seus clientes, eram três homens de sobretudo verde marca-texto.
Usavam também luvas laranjas e chapéus de Cowboy. Um deles disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Traga os sapatos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bob correu até o carro e pegou metade das caixas. E lá dentro dois
deles sentavam e colocavam os pés para fora. Ao experimentarem e gostarem das
'panquecas', um deles, que parecia ser o cacique, disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Era isso mesmo, meu chapa. Vou pegar sua comissão!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ele abriu uma maleta e pegou um tranquilizante. Na cara dura! Bob
virou-se para correr, mas lá estava Don Ruan, que lhe acertou com um bastão de
beisebol. Logo, além de sedado, estava galeado (na cabeça).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, Bob agora era acordado por Spears, John Spears. O verdadeiro dono
do carro acidentado e da história escrita para seu próximo livro, onde ele mata
a personagem principal (a contragosto de certas enfermeiras psicopatas). E
junto dele estava Britney Lennon, uma mocinha que parecia esperta. E era, de
fato. Os dois explicaram o velho blábláblá, que não conseguiam sair dali e tudo
mais. Porém, Bob acrescentou que antes de levar a pancada na cabeça, percebeu
se tratar de seu chefe Don Ruan, o patife que o acertou. Ou seja: depois dos
sujeitos de verde, agora tinha o sapateiro conquistador.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Antes de tudo, de pensar nos braços picados e nas pessoas que deveriam
estar ali, procuraram o primeiro lugar onde houvesse comida. Havia fome de
verdade. E vontade de sair daquilo. Eles pareciam os três mosqueteiros sem as
espadas. Eram formigas dentro de um mundo de pedra.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Os três caminharam juntos. Era perigoso demais se separar naquela
'ilusão concreta'. Uma cidade feita de pedra e esculpida por vultos. Gigante
pela própria natureza, mas não tão risonha e límpida (nem a imagem do Cruzeiro
tinha no céu...). Por mais que caminhassem, mais distante estavam de sair dali.
Então, sendo mais realístico possível, de fato, havia uma chance de escapar! E
essa chance você verá no próximo programa, nessa mesma hora e nessa mesma
coletânea. Sim, esse é o fim (desse conto, por enquanto).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12728&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpdJ7CZd92x1om-k_eWVHnEyd4z5PxaEiQeMIOFX4756pW0uivdODtiTQoA3PeqSUvxGYHdJNDTeWP1v9YFmeqWCV8RFkZyA3sf4Bm7GGqDf6voqAYASE0XqG6c7a3V9kAHidUOE1xOg/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-29479723935766832752016-07-16T23:47:00.000-03:002016-07-21T14:56:25.151-03:00AMOR E PAIXÃO – L.B.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizap4SBUF0_VLAhKbA7jIdEDUEN8RO4uDZ6UicizrsJiyD26BkRuK5b0sMrUiLn0ruiKZRx_EW2BawZmcjuvd5p3-c-NjhDBVU8nI6id9gmQRXQ38PZNnJkQHMny2_Kge-OhTxDk00zg/s1600/20140517_123237.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizap4SBUF0_VLAhKbA7jIdEDUEN8RO4uDZ6UicizrsJiyD26BkRuK5b0sMrUiLn0ruiKZRx_EW2BawZmcjuvd5p3-c-NjhDBVU8nI6id9gmQRXQ38PZNnJkQHMny2_Kge-OhTxDk00zg/s320/20140517_123237.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Recebo cartas diariamente. Algumas são boletos, a maioria atrasados.
Mas não são desses que falarei. São daqueles corações sedentos por baboseiras
prolixas. E nisso eu sou bom. Uma dessas
cartas dizia: “Meu caro, amo meu namorado, desde o momento que eu o conheci.
Mas agora não o amo mais. Foi paixão?”. Deixa-me entender: ama e não ama mais?
O amor é confuso, às vezes. Mas não a ponto de me fazer perder tempo. Como a
maioria das pessoas não sabe a diferença entre paixão e amor, eu irei
decodificar, em prosa e verso, como Lord Byron e Martinho da Vila:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Amar
está mais para o eterno, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Paixão
é nômade,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Quer-nos
por uma noite, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Às
vezes me apaixono por quem amo,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Outras
vezes amo algum apaixonado, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Pois
o amor fica e a paixão vai, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Mas
amar apaixona, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>A
paixão parece amor, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Paixão
é confusão, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Como
fone de ouvido enrolado,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Amor
é simples, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Como
descascar uma bergamota,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Não
ame um apaixonado, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Ele
pode estar amando,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Não
se apaixone por um amador, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Pois
já nos bastam os deputados,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Apaixonar-se
por alguém é um mal, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Mas
às vezes o amor cura,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Apaixonar-se
por artistas de TV é uma doença, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Mas
às vezes a terapia cura,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Sei
que paixão é passageira, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Mas
o amor sempre será o motorista,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Sei
que amor é chiclete, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Mas
a paixão é sorvete<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i> (Ela derrete com o calor dos suspiros),<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>Enfim,
amor é pedra, a paixão aerolito, <o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>O
amor e a paixão podem estar juntos, mas se separam,<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>-
Você é meu amor (paixão)! – engana-se o rapaz.<o:p></o:p></i></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<div style="text-align: center;">
<i>- Prefiro o meu tablet (amor)!
– sentencia a rapariga.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i>
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12714&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9tOcUAnq3xXvICbqYEuATlLtXyIbQZptXYr2gKy4ThvgGLNvpQ2IF4yJiRG17yq_YU7AnBYSofuGY0Z0R1qbqZnsVQ2YimvN8KTbaramElSnfiLHzpmW2SFIWh0gzSgSzpP64YV8FQQ/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i></div>
</div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-37410270537119583672016-07-15T11:49:00.000-03:002016-07-20T17:08:19.201-03:00EXPLICANDO MARX – J.G.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-ZmSIZpmOGEp1CE87BxOf80QVtG_bUsFvQNaM8HFuu-foFxxdssF1VPdEIrwj2BikaIjGZJGDgvNXFi8EefJGmjWZVwBH862XlzAZYP8_WsjC5NSUu4IR_vDHtK6QosXcLF4CgpwkRw/s1600/IMG-20160327-WA0089.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-ZmSIZpmOGEp1CE87BxOf80QVtG_bUsFvQNaM8HFuu-foFxxdssF1VPdEIrwj2BikaIjGZJGDgvNXFi8EefJGmjWZVwBH862XlzAZYP8_WsjC5NSUu4IR_vDHtK6QosXcLF4CgpwkRw/s320/IMG-20160327-WA0089.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A pior coisa para um intelectual como eu é ter de explicar, e provar,
quanto é um mais um. Todos sabem o resultado, mas sempre há um conservador que
não acredita. Pois bem, vou explicar o livro do nosso querido Marx, “O
Capital”, o melhor livro já escrito, juntamente com as receitas da Dona Benta e
o guia da TV.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Primeiramente, queria separar aqueles que entendem de economia daqueles
que leem o Jornal do Comércio, como faz O Moralista. O que é custo? Produção?
Salários? Dinheiro? Oferta? Preço? Valor? Pechincha? Barganha? Calote? Fiado?
Migué? Tudo isso são termos comuns que economistas deveriam saber de cor, e não
apenas, como os leigos pensam, de guardar moedas no cofrinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marx, esse gênio incompreendido por bobalhões, explicou que, quando se
aumenta a produção, devem-se aumentar também os salários proporcionalmente.
Errado, patifes. O aumento deve ser maior dos salários do que a produção. Pois
quem trabalha merece ser premiado.
Economistas contemporâneos de Karl, tais como o tio Patinhas e o pai do
Chris Rock, defendiam que, com o tempo, não haveria mais produção, apenas
salários, e tudo seria feliz para sempre. Capitalistas, no entanto, dizem ser
isso uma teoria. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Daí vem às falácias: Stalin pra cá, Coreia do Norte pra lá, genocídios,
biriri-bororó. Vejam bem, seus canalhas,
vou explicar como é a teoria e como ela deve ser praticada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marx, este ser supremo das camadas populares da nobreza, disse que o
trabalhador vende sua alma ao capeta, digo, capitalista, pelo valor
proporcional à sua produção. Suponhamos:
se um cavalo come uma tonelada de milho no café da manhã, isso deveria ser
suficiente para que carregasse uma tonelada de pessoas em seu lombo, caso o
alfaiate trabalhasse 14 horas do seu dia na fábrica de enlatados. Ao passo que
se o produtor de café gera empregos para um uma dezena de trabalhadores que, em
troca, usam o dinheiro para comprar o mesmo café por eles produzido, pois
cafeína é um vicio satânico, seria como trocar 6 por meia dúzia e achar que era
três mais três. Apesar de parecer simples, o conceito de “valor” e
“matéria-prima” se perde em meio à mais-valia, conceito utilizado normalmente
quando vamos à feira e pegamos apenas aquilo que não está na promoção.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Matematicamente, Marx quis demonstrar que o fatorial da oferta e
demanda é o produto da soma de dois termos, elevado à integral de linha da
força de trabalho, dividido pela raiz da mercadoria produzida elevado a
derivada do limite do logaritmo do dinheiro vezes o custo e demanda menos o
material empregado na produção e o imposto sindical. Viram? Sem o imposto
sindical, nada seríamos.<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
Há
muito que se debater quanto ao real valor do trabalho. E é claro que eu tenho
propriedade para falar sobre o trabalho. Só quem observa é que sabe. Por isso é
que um mais um é igual a três.<o:p></o:p></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuAmdklkdaZ6t6SjJtfmAMjxWBdNU1WPXtjjk_2l2snkvqRRICX0iWV8sDIrQc2ZbPj1cVwzeJUB0tkB28nspZFY3M-P28X6NSmgOsmqSD9_LmxWXU090FJBjZHeTaKjB-G5AJfX1pA/s1600/cron%25C3%25B3pios.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuAmdklkdaZ6t6SjJtfmAMjxWBdNU1WPXtjjk_2l2snkvqRRICX0iWV8sDIrQc2ZbPj1cVwzeJUB0tkB28nspZFY3M-P28X6NSmgOsmqSD9_LmxWXU090FJBjZHeTaKjB-G5AJfX1pA/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-31740899025391762462016-07-14T12:48:00.000-03:002016-07-21T15:00:29.916-03:00CARTA DE UM AMIGO – M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPWFeBzKkneV1JF97dq4vl_HMpfyEc9UF03Fd4N47xxJXn0NeM4bOQvGgRU1CLC1V-Zn16t1pUY_Bc3ROJ645zg0AE3sI-bhwut0ppZE0-_rdG-gDX0te9R96xcTJ2Mm6JT2Y4nMSFsA/s1600/rede.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPWFeBzKkneV1JF97dq4vl_HMpfyEc9UF03Fd4N47xxJXn0NeM4bOQvGgRU1CLC1V-Zn16t1pUY_Bc3ROJ645zg0AE3sI-bhwut0ppZE0-_rdG-gDX0te9R96xcTJ2Mm6JT2Y4nMSFsA/s320/rede.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Apesar do título, essa carta eu achei no lixo. Há muito tempo, achei
livros velhos de Direito jogados na rua (detesto quando vejo livros jogados nas
ruas, é como se conhecimento fosse lixo). É claro que nunca faria Direito,
apenas andaria com os livros para denotar certo “grau superior”. Ou talvez eles
ajudassem a apoiar minha mesa de centro cuja perna está quebrada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Dentro de um livro de direitos do trabalhador, encontrei uma carta,
vindo de um remetente, o qual chamarei de “Dilma”, e um destinatário, que
chamarei de “Aécio”, apenas para preservar os nomes verdadeiros utilizando
nomes totalmente isentos de qualquer elucidação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pois bem, ei-la.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“<i>Querido Aécio,<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Quero nessas humildes palavras
agradecer tudo o que passamos juntos. Todos aqueles momentos foram mágicos,
para não dizer fantásticos. Sempre sonhei com dias assim, e com você tudo se
realizou. Desde que te conheci, na faculdade de ergonomia, me postei melhor.
Agora sou uma mulher realizada, e posso expressar isso sem um mínimo de
vergonha na minha cara bochechuda.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Lembra-se daquele passeio que
demos pelos corredores de mãos dadas e, sem querer, dêmos uma rasteira da
professora de judô? Nunca vou esquecer as pancadas que você levou por mim! Foi
incrível. Acho que é amor...<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Suspiro quando me lembro dos
nossos piqueniques na grama do campus, das festas da faculdade e das aulas
chatas de física quântica em que você, sempre compreensível, as tornava mais
agradáveis quando atirava bolinhas no professor. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Sinto falta do refeitório
universitário, das formaturas, das reuniões de medicina e dos levantamentos
topográficos nos campos de futebol! Sinto falta dos lanches gratuitos que você
me proporcionava truculentamente! E do nosso lema: “<b><span style="background: white;">Quando vejo que estou passando dos limites, continuo pra ver até onde
vai dar</span></b><span style="background: white; mso-bidi-font-weight: bold;">”</span></i><span style="background: white; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">.</span><i> Só
não sinto falta daquele último dia.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Nunca vou esquecer, mesmo com
muito pesar, daquele dia 13 de dezembro de 1973. Quando a polícia descobriu que
estávamos frequentando a universidade sem termos sido aprovados em nenhum
curso. Raios! Como podem fazer isso conosco? Na verdade, eu sabia de tudo,
peço-lhe desculpas por não te dizer que nós não podíamos estar ali. Mas hoje,
10 anos depois, reconheço que não fizemos a coisa certa. Ainda acho que não
deveríamos ter apedrejado o laboratório de química, que desencadeou aquele incêndio
e destruiu dois prédios inteiros do complexo...<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Não se preocupe, pois dentro de
25 anos estará em liberdade! Sei que não foram fáceis todos esses anos na
cadeia, mas saiba que sempre te admirei pelo seu ato de ter assumido a culpa
sozinho! Sei que houve rebeliões e que você foi o único que não fugiu, fiquei
orgulhosa! Sempre soube que era honesto. Ainda não entendi o motivo de você ir
para uma penitenciária de segurança máxima logo após, mas deve ser bom, pois lá
você estará ainda mais seguro.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Sei que não tenho escrito
muitas cartas, essa na verdade é a primeira. Desde então, me casei. Espero não
ficar irritado, sei que prometi que casaríamos depois de 35 anos separados, mas
no quinto dia útil após sua prisão resolvi me casar, pois o tempo demorava a
passar. Tenho cinco filhos, de seis casamentos. Hoje vivo de pensões, mas já
trabalhei alguns dias. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Apesar disso, ainda aguardo ansiosamente
pelo seu retorno. Sei que ainda temos muito em comum, e que mesmo depois de 35
anos ainda poderíamos recomeçar de onde paramos. Visitar o campus, pegar uns
livros na biblioteca ou assistir aulas de biologia e astronomia, usar os
banheiros sem dar descarga, sei lá.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Sinto sua falta, Aécio. Sinto
falta de dinheiro também, mas isso todo mundo sente. A não ser os vendedores de
algodão doce! Eu compro todo dia! Eles devem estar montados na grana! Quem sabe
eu não case com um vendedor de algodão doce? Acho que ainda dá tempo, faltam 25
anos para sua saída da prisão...<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Enfim, sinto sua falta. Apenas
me procure naquela mesma casa da árvore de 10 anos atrás, ainda estou lá. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Com saudades, <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Dilma”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
Dentro do mesmo livro, encontrei o diploma do “Aécio”, ele saiu da
cadeia em 2008 e formou-se em Direito em 2013. Processou “Dilma” em 2015, e
pediu sua retirada da casa de árvore, mas não ganhou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Peguei o endereço da tal casa da árvore e fui até lá. Pasmem, os dois
haviam voltado. Estavam novamente na ativa. Soube quando os vi correndo vindo
do campus. Eles tinham a mesma idade: 80 anos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Amizade é isso. Destruir o físico para construir o moral. Ou algo
assim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Nota: O lema
destacado é uma frase de autoria do Moralista, mesmo que ele não tivesse
nascido ainda em 1983, pois, levando-se em conta que ‘achado não é roubado’, a
carta estava no lixo.</span><o:p></o:p></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 10.0pt;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12724&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAdx0xduBv73OL6hO2ZS0MmLbly2cGz2xl4K50t8SLQJioaYD-S6HheOiqQdRC1hAu1UXmZNWd8BhLmm0KyygWe_7Ge4KCoAfdKIcjQ1HGFS7CUqeOsxtM9FZOUqcbrRI-UsydYYMc6w/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: 10.0pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 10.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<span style="font-size: 10.0pt;"><br /></span></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-43869885357506559042016-07-13T12:42:00.000-03:002016-07-13T12:42:05.926-03:00RECOLOCAÇÃO SOCIAL FORÇADA – C.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJsnMOInBzJelIyReMkyiZymMAMMFHRrZpE5Hto_qAfR9pRYF1k6ySri8DIel3GYGzEqivKEl5fliGXMJ8BnsB1wkacEZlvwC06-piaSthNO56SAranVWkfB8hxTVd3rClfDoi2l7yrg/s1600/estr.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJsnMOInBzJelIyReMkyiZymMAMMFHRrZpE5Hto_qAfR9pRYF1k6ySri8DIel3GYGzEqivKEl5fliGXMJ8BnsB1wkacEZlvwC06-piaSthNO56SAranVWkfB8hxTVd3rClfDoi2l7yrg/s320/estr.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Depois da minha última coluna “Não gosto de preconceito”, voltei a
sofrer preconceito. Dos leitores, como sempre (que considero inveja) e dos meus
“chefes” (que publicam essa coluna no jornal de araque). Como não sou boba, e
essa graninha me ajuda na compra de chapéus em Miami, optei pela “retratação”.
É isso mesmo, “retratar”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu me considero na classe “B”, que chamamos de “a um passo do paraíso”.
Mas de agora em diante falarei como se fosse de classe “C”. Falarei sobre morar
em 38 m², sobre levar marmita, perguntar o preço antes de comprar ou pegar
ônibus todos os dias, mesmo com ar-condicionado e no horário. Mas, como? Nunca
passei por tais constrangimentos! Seria como um integrante do partido comunista
acumular bens, andar de carro importado de países capitalistas, e por ai vai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tive que ter aulas com a minha empregada, a Claudiármen (Pai Claudio +
Mãe Carmen, “pasmem”...) e o jardineiro Josefir. Eles são pessoas humildes, não
dominam o próprio idioma, mas levam um sorriso no semblante apesar de serem
miseráveis e deprimentes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A empregada têm três filhos, e ainda é separada. Muitos ditos afirmam
que isto é digno de pena. É uma pena, digo então. Mas ai dela que não limpe as
janelas! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O jardineiro não sabe muito sobre bons costumes, pois canta enquanto
trabalha (ou trabalha enquanto canta) e seu repertório vai de sertanejo
universitário a forró pós-graduado. Não posso reclamar, pois seu trabalho é bem
feito (não levem isso como um elogio, pois é mérito do síndico, que é
desembargador classe “B+”).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Posso ainda falar dos atendentes do mercado, que dizem trabalhar demais
e ganham pouco. Como se eles tivessem escolha né? Trabalhem, por isso estou
comprando ai! Ou então é rua! Sem choradeira! Mas são honestos e tudo mais. Há
alguns pedintes na saída do mercado, mas convenhamos: classe “E” já é forçar demais!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que está bom assim. Ufa! Falar da classe “C” dá trabalho! Mas
aprendi uma grande lição com essa árdua missão: é melhor escrever do que ser.
Trabalhar lhe tira o tempo de pensar. Isso é bom para se esquecer da letra “C”.
Mas enquanto olho a Claudiármen limpar a minha mesa onde escrevo (e me
atrapalhar como sempre), sempre me lembrarei da letra “B”. Se a história da
sociedade sem baseia na luta de classes, como disse Marx, ao menos eu luto com
classe, meninas.<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
- Cuidado com meus <strong><span style="background: white;">Château
Mouton-Rothschild </span></strong>sua mentecapta! – alertei a Claudiármen. Com
educação classe “B”, é claro.<o:p></o:p></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/recolocacao-social-forcada-7469425.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBbbrk7hvwK8itupUQsyB9Ryk-8WAwO14jrQp7M7TbUpXu01hyKlDaVFK97J6RSg3sPYJ0xrDLi9qOGNfRQlheXEJRd0pa_bzoI1KB1CTpPqfz02pHa2ZhjXGD-749x3wQg6P1npxidg/s1600/artigonal.png" /></a></div>
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-35215880250763317502016-07-12T12:39:00.000-03:002016-07-12T12:39:02.853-03:00O MEU GRANDE EMPREGO – G.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkipm60BAIieFMXaAOeCTF1nlflxfUVIaRmOpHUYxbDksqQxKmd1lwfy6ztR-trZgzu9TNOyO95Ty6XrruIPUge5I58TYPYwj1vGau0vYlrxjhsZPB93GrCOHjMYqaAB1baimccUnYDQ/s1600/capa_casal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkipm60BAIieFMXaAOeCTF1nlflxfUVIaRmOpHUYxbDksqQxKmd1lwfy6ztR-trZgzu9TNOyO95Ty6XrruIPUge5I58TYPYwj1vGau0vYlrxjhsZPB93GrCOHjMYqaAB1baimccUnYDQ/s320/capa_casal.jpg" width="218" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esses dias eu estava de boa no escritório, escrevendo mais uma das
minhas bobagens, quando, num ato inédito (mentira), parei um pouco. Pensei,
pensei e pensei: meu emprego é uma farsa! Estou aqui sentado na frente de um
computador, digitando letras para que outros, que também estão na frente do
computador (ou Tablet, iPad, Celular, mictório), leiam. Já imaginou se, em
algum dia, eu usar o banheiro e vir digitar com as mãos sujas? Tudo bem que os
leitores já estão acostumados a ler porcarias, mas isso não pareceria mais literal?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pois bem, é isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pergunto-me: eu teria a mesma paciência dos meus leitores para me ler?
Será que reservaria meu tempo para ler isso que estou acabando de escrever?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Algumas situações práticas, por exemplo: um lenhador, contratado para
devastar um bosque, de repente, para. Está cansado de dar machadadas em
troncos. Ele pensa: "Estou a fim de ler uma porcaria de texto neste
momento". Pimba! Alguém largou de mão sua atividade para me ler. Isso
talvez possa ser comum em situações que envolvam tarefas repetitivas. Como o
Charlie Chaplin, no filme "Tempos Modernos". Está certo que naquela
época, se você parasse de apertar parafusos, vinha imediatamente um brigadiano
e descia o sarrafo no teu lombo. Mas e hoje? Um rapaz, que trabalha na linha de
produção de materiais reciclados, "do nada", para sua produção e
pensa: "Vou deixar de transformar porcarias em coisas boas e tentar
entender essas porcarias". Pimba de novo! Lá está mais um na frente de um
computador lendo essas coisas aqui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Já pensaram (isso mesmo, no plural, já que "há" um lenhador e
um reciclador me lendo) se o FBI estiver lendo meus textos? Tipo, pesquisando
para ver se não estou planejando um atentado à Disney? Imaginem, por exemplo,
se Brad Hanks, um novato recém contratado da agência inicia seu trabalho
pensando: "Quero começar com o pé direito, vou achar logo um mentecapto
que quer explodir a Casa Branca!" e, começando sua busca, ele cai
exatamente aqui, como quando um beija-flor aterrissa em solo procurando uma
flor, mas cai diretamente na câmara dos deputados em Brasília? Provavelmente
ele desistirá do emprego e irá seguir na carreira de motoboy de loja de R$1,99.
Frustante não acham?<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O jeito é continuar escrevendo. Vai que um dia eu escreva algo útil?
Assim, quando um lenhador, reciclador ou o próprio FBI poderão pensar:
"hm, interessante".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/o-meu-grande-emprego-7464312.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBbbrk7hvwK8itupUQsyB9Ryk-8WAwO14jrQp7M7TbUpXu01hyKlDaVFK97J6RSg3sPYJ0xrDLi9qOGNfRQlheXEJRd0pa_bzoI1KB1CTpPqfz02pHa2ZhjXGD-749x3wQg6P1npxidg/s1600/artigonal.png" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-1105035149099136562016-07-11T16:49:00.000-03:002016-07-21T14:59:28.638-03:00NOVELA DAS 8 – T.M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi752M3mmx0gcd5RUBRvgSMaEUaOrQkd7lqSRfwNhV3r0y08FI21CYLhUa-AlOnzuQ30jnL_CbB_3MJ73zoFDU9NJTK9IzFz-E99tJwCvRsQsAU9fpGy91jZVVx5V0aRGFLTi1fndtceA/s1600/4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi752M3mmx0gcd5RUBRvgSMaEUaOrQkd7lqSRfwNhV3r0y08FI21CYLhUa-AlOnzuQ30jnL_CbB_3MJ73zoFDU9NJTK9IzFz-E99tJwCvRsQsAU9fpGy91jZVVx5V0aRGFLTi1fndtceA/s320/4.png" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Altemiro está prestes a beijar Jucelina. Quando o infeliz do diretor
grita: Corta! A atriz quase atira seu tamanco no velho, que está bravo com
sabe-se lá o que. Altemiro não tem expressão, mais do que o normal. Todos os
produtores estão felizes com a novela. Tudo saiu como planejado. O episódio
iria ao ar na semana que vem, e a audiência estava crescendo tanto que mal
podiam esperar pelos próximos capítulos (fãs incondicionais invadiram o estúdio
no dia anterior e fizeram Marie, a atriz que interpreta Jucelina, refém e para
libertá-la, queriam em troca ver os próximos episódios inéditos).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas aos poucos Marie ia se recuperando desses episódios (de gravação e
de sequestro). Ela saiu naquele fim de tarde com seu colega de profissão,
Alfred, que tinha nome e aparência de mordomo, mas na novela interpretava um
mendigo cleptomaníaco. Os dois iriam pegar o trem para Scalibur Ville. A
estação em Liberty City estava completamente vazia. Apenas zumbis e lobisomens
estavam esperando o trem. Mas algo estava mais estranho do que isso: O mapa
indicava uma outra cidade antes do destino deles, mas não era possível ler o
nome.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas isso não existia antes daquele momento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marie pediu para o Alfred perguntar à um dos lobisomens. Ele perguntou
mas eles não sabiam, logo foi até os zumbis, mas também nada. Irritado, Alfred
disse que um dos lobisomens havia chamado um zumbi de Roberto Marinho. Todos os
zumbis se ofenderam brutalmente, e partiram para a ignorância. Houve muita confusão
até a polícia chegar. Todos foram levados para a delegacia e só saíram de lá
com pagamento de propina. Marie e Alfred já estavam no trem nessas alturas...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marie estava aflita. Nunca tinha visto aquela cidade entre as duas que
conhecia. Seria um erro gráfico? Ou apenas um engano na leitura?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Estou com medo, Alfred! - confessou a mocinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Não fique, querida. Logo passaremos por isso e estaremos em casa para
assistir a próxima temporada de Lost.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Assim espero...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Após uma seção escura no trem, houve um clarão na mata iluminado pela
lua, e mais adiante por alguns refletores. Ali estava escrito o nome da cidade:
Rocktown.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Algumas casinhas foram aparecendo e conforme a noite avançava, prédios
brotavam da terra e tocavam o céu. Alfred não demonstrava nem um pouco de susto
ou apreensão. Ou já conhecia tais mistérios ou quem sabe era um E.T. muito
familiarizado. Já Marie estava com tanto medo que mal sabia o que estava
fazendo naquele trem. Sua casa era tão modesta que não parecia estar na próxima
estação, pois era difícil imaginar isso frente a quantidade de prédios imensos
ali presentes. Está certo que havia uma vaca pastando no asfalto, mas fora
isso, tudo era urbano demais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O trem estacionou na estação. Marie esperou. Mas depois de muito tempo
parado, percebeu que a locomotiva não iria arredar pé dali. Então tomou a
liberdade de dar uma voadora na porta e quebrar tudo para sair dali
imediatamente. Alfred não se moveu. A moça passou pela parte de vidro. Um
instante depois, a porta abriu, com os dizeres na caixa de som:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Bem vindo à estação Rocktown, desembarque permitido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aí sim, Alfred saiu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As portas se fecharam rapidamente e o trem saiu a milhão. Bah, tinha
que ver... Só que na verdade, não era bem a estação desejada por Marie, tão
pouco por Alfred. Sim, o pesadelo começa a tomar forma...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela parecia saber que isso iria acontecer, então estava agora mais
curiosa por Rocktown, a cidade noturna.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Saindo da estação ela se depara com ninguém. Ou seja, nem se depara.
Toma a liberdade de sair e procurar alguém. Mas é difícil, pois alguns postes
estão com uma iluminação péssima, e guaipecas não saem do pé de Marie. Ela só
percebeu que tinha pisado na bosta quando tentou espantar os cuscos... Alfred
riu de canto. Riu riu chiu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os dois entraram em um bar com show ao vivo. Mas não havia alguma alma
penada tão pouco desalmada. Contudo, para o susto de Alfred (Marie já estava
gostando da situação), um velho surge de trás do balcão. Ele se parece com
aquele velho da fase dos chineizinhos do Hitman. Bem... Os dois foram até o
velho porta-teia-de-aranha e fizeram a pergunta que não queria calar:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Tem Coca?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Não. Só Pepis...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Me vê dois drinques de Pepis.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eles se sentaram em uma mesa. O bar era bem elegante até... Lembra
aqueles restaurantes que chegam a acumular pessoas fora esperando sua vez. Mas
nada disso estava acontecendo realmente. E havia um show, pelo menos era o que
dizia o cartaz lá fora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Não acha uma boa idéia perguntar aquele velho onde estamos?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, mas ele me parece alguém que eu conheço... Mê dê um instante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alfred começa a encarar o velho teioso. E o teioso não vira o rosto. Os
dois se olham por tanto tempo que parecem ter se apaixonado ao contrário. O
velho caminha para o lado e, como não olha para frente, tropeça e cai,
quebrando alguns copos. Ele levanta e se recompõe rapidamente, voltando a
encarar Alfred.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Ei, moço, onde estão as Pepsis?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Já estará quentinho e crocante na sua mesa, senhorita! - disse o
velho louco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As luzes se apagam no bar. E refletores apontam para o palco. Sim,
haveria um show, de fato. Marie só queria saber se seria 'Os fantasmas da
ópera'.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na porta, três homens com sobretudo verde marca-texto entram sem fazer
muito barulho. Mas não conseguem deixar de chamarem a atenção, devido a cor do
sobretudo. Alfred não tira o olho do velho teioso. E Marie não sabe mais para
onde olhar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá no palco, uma cantora loira e velha, e um tanto mais para lá do que
pra cá, canta o hino nacional numa versão nada convencional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marie não sabe o que fazer, mesmo ainda achando tudo muito divertido.
Não era para menos, a menina tinha lá seus 32 anos e estava curtindo a
mocidade. E Alfred era um garotinho de 55 anos. Estava na flor da puberdade
avançada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O velho finalmente trouxe o refrigerante (refri pros gaudérios). Isso
depois de ter trazido dois copos de vinagre e depois duas xícaras de
bicabornato de sódio. Mas em nenhum instante desviou o olhar de Alfred (imagine
quanto refri ele derramou fora do copo...).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Após os dois beberem, e o hino ser da forma mais horrível cantado, o
sono chegou para os dois. Alfred finalmente desviou o olhar do teioso caindo na
mesa dormindo. Marie percebeu a farsa do refri, e conseguiu ver os homens de
verde-claro chegarem até ela. Depois nada mais aconteceu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Marie é acordada por Alfred. Ela olhando o colega nessas condições se
sentiu dormindo na casa do Batman. Mas na verdade estava apenas no meio da rua.
Sentiu a picada de levara no braço esquerdo, e logo o amiguinho Alfred mostrou
que também fora picado. Ela se levantou. Seu vestido estava sujo. E as calças
de Alfred estavam molhadas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Foram os cuscos, eu juro! - disse ele, se retratando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eles andaram um tempo, mas estavam exaustos por terem dormido direto no
chão. Logo mais à frente, eles encontram uma moça; ela também parece perdida.
Identifica-se como Lucy e mostra o cartão de não-monstro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Estou nessa cidade faz alguns dias. Nunca amanhece e não acho de
jeito nenhum a saída... Estou ficando nervosa...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Vamos sair daqui, menina, não se preocupe. - amenizou Alfred.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os três se uniram a foram em busca de ajuda. Mas a cidade estava
repleta de pequenas ilusões. A própria cidade era uma delas. À noite também.
Mas os cuscos não...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
*Cusco, Guaipeca - Cachorro vira-lata, um daqueles que anda atrás de
cavalos. Como diz a milonga abaixo de mau tempo, "Me fala que a égua ta
prenha, que o porco ta gordo, que o baião ta solto, e a cuscada lá em casa
comeu".<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12722&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAdx0xduBv73OL6hO2ZS0MmLbly2cGz2xl4K50t8SLQJioaYD-S6HheOiqQdRC1hAu1UXmZNWd8BhLmm0KyygWe_7Ge4KCoAfdKIcjQ1HGFS7CUqeOsxtM9FZOUqcbrRI-UsydYYMc6w/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-41361315777968174512016-07-09T16:41:00.000-03:002016-07-20T17:11:49.692-03:00ONDE ESTÁ O AMOR? – L.B.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_nLGwXMiZ8yprdwXzyHYNOc5IsHidRJNpx7wzGywoyMDn4y5u66SnhLISGFUvbEqeeCZb9avXDw0T4N8YUJA6BHnJHdpqNXFzkmGtThw1EbKudpswLN-Rxtpt3F1MGzVIksN3MMlr2A/s1600/IMG-20160128-WA0002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_nLGwXMiZ8yprdwXzyHYNOc5IsHidRJNpx7wzGywoyMDn4y5u66SnhLISGFUvbEqeeCZb9avXDw0T4N8YUJA6BHnJHdpqNXFzkmGtThw1EbKudpswLN-Rxtpt3F1MGzVIksN3MMlr2A/s320/IMG-20160128-WA0002.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As pessoas perguntam: onde está o amor? Onde? Eu digo: tente nos
achados e perdidos. É o primeiro lugar que eu procuraria. Mas se mesmo assim
não estiver lá, não desista. Alguém pode estar guardando para você.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Coloque anúncios nos postes, dizendo: “Procuro o amor. Pago por quilo”.
Se não encontrar assim, tente o Google. Aí é que talvez more o perigo. Amores,
amores, amores. Mas você quer “o” amor. Sim, apenas O amor. E 234.973
resultados podem não ser o amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se ainda assim o amor teimar em não aparecer, contrate um detetive. Se
não der certo, contrate o FBI. Ou então jogue (e acerte) na mega-sena. Se ainda
assim falhar, fique calmo. Não desista. O amor pode não estar tão longe. Nada
que algumas milhas no cartão de crédito não resolvam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não chute. O amor pode lhe enganar. Pode aparecer na sua frente e lhe
driblar facilmente. Não pense que ele irá “pedalar” e cair, simulando uma
falta. O amor não é mesquinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O amor, ainda que frio, pode estar no Polo Sul. Ainda que quente, no
Saara. Ainda que úmido, na Amazônia. Ainda que violento, no Oriente Médio.
Ainda que em outra dimensão, na ilha de Lost. Ainda que praticamente não
exista, pode estar na câmara dos deputados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenha calma. Você vai achar. Procure no lugar certo. Não fique
procurando dentro do umbigo, pois sujeira não é o amor. Expanda seus
horizontes. Procure na geladeira. Mas se abrir a porta e não achar, não esqueça
o que foi fazer lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E mais: se você acha que eu vou dizer onde está amor, pode ficar
tranquilo. Eu já achei. Sabe onde? Procure. Não estudei tanto pra vir aqui
entregar a rapadura. Tenha vergonha na cara e procure! Vamos! Dê o seu jeito.
Nessas horas, às vezes me esqueço de que encontrei o amor e quero partir para a
pancadaria. Não suporto gente preguiçosa. Mas tudo bem. Eu encontrei o amor.
Sabe onde está? Procure. Se você chegou até aqui esperando uma receita de bolo,
meus sentimentos. Amigos, nesse quesito sou um grande vendedor de informações.
Contudo, o amor é gratuito basta achar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porque achado não é roubado.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Boa semana (para os que acharam, é claro)!<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12720&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuAmdklkdaZ6t6SjJtfmAMjxWBdNU1WPXtjjk_2l2snkvqRRICX0iWV8sDIrQc2ZbPj1cVwzeJUB0tkB28nspZFY3M-P28X6NSmgOsmqSD9_LmxWXU090FJBjZHeTaKjB-G5AJfX1pA/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-61349485171772670212016-07-07T12:36:00.000-03:002016-07-21T15:01:21.320-03:00O CAPETAL – J.G.<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUpEieSg5O1R5R0q9S_9gw7QiuMMySowM2mxf1OUOcyLmKnxvGMsH2ZKw7JH3rR5HHsZKZKmWJIuH3jV7oIUh2Gcs_uOyWEiQb1OquajjVnNoxkuEW_cGxvKfL9FGWWICpfDgovcwCNw/s1600/20141018_150429.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUpEieSg5O1R5R0q9S_9gw7QiuMMySowM2mxf1OUOcyLmKnxvGMsH2ZKw7JH3rR5HHsZKZKmWJIuH3jV7oIUh2Gcs_uOyWEiQb1OquajjVnNoxkuEW_cGxvKfL9FGWWICpfDgovcwCNw/s320/20141018_150429.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div align="left" style="margin: 2.5pt 0cm;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Escrever-lhes-ei, camaradas, o que tenho pensado em meu refúgio. Não
tenho saído de casa para que meu raciocínio não seja bombardeado pelos anúncios
capitalistas e opressores. Tenho evitado até mesmo trocar palavras com tais.
Seria como atirar pérolas aos porcos capitalistas. Malditos chiqueiros
industriais!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como se sabe, nosso sistema faliu. Não há mais como suportar o estado
com impostos tão pesados, gastos com políticos, desatendimento ao povo,
negligência com os mais oprimidos e com a programação da TV aos domingos.
Basta! Que 1917 volte aos dias de hoje e que este país chamado Brasil volte a
ser cheio de riquezas, tal como era antes dos índios!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Digo isso nesse manifesto, pois estou me sentido ultrajado pelos
políticos que estão no poder. Eles prometeram lutar com foice e martelo. Mas
até agora, só os vejo lutando contra a balança, pois comem o pão que o
“capetal” amassou e estão mais obesos que um elefante de zoológico. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Saíamos às ruas, camaradas! Venham combater os opressores que
praticamente nos obrigam a consumir os produtos feitos a base de trabalho
escravo! Vamos à luta contra as empresas que nos dão o pão de cada dia, pois o
povo merece também presunto e queijo, oras! Não vamos aceitar que o “capetal”
valha mais que o nosso esforço, uma vez que mesmo que pessoas como eu, que
nunca pegaram em uma pá ou enxada, mas que escrevem com tanta propriedade, e
que até parece haver um passado de lutas, erroneamente, enfim, mas o que
importa é a luta nas ruas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Venham camaradas de todos os cantos! O momento é oportuno, pois o
“capetal” está frágil e doente. Não iremos deixar que ele se fizesse uso de
antibióticos à base da luta da classe trabalhadora que tanto se esforça para
movimentar a economia. Enquanto eu, mesmo fazendo parte deste sindicato inútil,
estiver sentado em minha confortável cadeira, digitando este texto e comendo
cereais, não me esquecerei da luta dos menos afortunados!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
E para finalizar, assim que o povo assentar ao poder ofereço-me como
líder supremo popular, com plenos poderes monárquicos, pois sei que nossa luta
não estará perdida assim que eu estiver lá em cima! Viva a mim! Quero dizer,
viva ao povo!<o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12715&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVW2_-wX6VjYbQnqUjvJds53ByViLe4OtBHrtAB5B5D2OWyZ6aCgKSR1LWZODvCoeUJkzPRNvt0nmv3Zv-lJJpxMiMMTZJegiRlMqVk32A61YOvG_3TE0k2ojsDdQfUPpnTFd7cNAAUg/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-87392933334446711622016-07-05T23:43:00.000-03:002016-07-20T17:10:44.990-03:00O MELHOR LIVRO QUE JÁ LI – C.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7s1WHUkyrLCfHR_ZRilEVeA1MIrFg8-j_S4BzH8sEA4eguJRqgSFbfeJ7TPlcBZv2-gDK4GK-fjIdccp3cLg_j6EjTi8GzEzF46aVJyy4Z_yQImqDJRn8IZ3t4KrlWa2Mvls4zAGcPA/s1600/20140314_101957.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7s1WHUkyrLCfHR_ZRilEVeA1MIrFg8-j_S4BzH8sEA4eguJRqgSFbfeJ7TPlcBZv2-gDK4GK-fjIdccp3cLg_j6EjTi8GzEzF46aVJyy4Z_yQImqDJRn8IZ3t4KrlWa2Mvls4zAGcPA/s320/20140314_101957.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Meu autor favorito é José de Alencar. Alguns dizem que ele é chato e
passa 80% do livro descrevendo cadeiras e objetos do cenário, e deixa de lado o
enredo. Eu discordo. Motivo? Não interessa hoje. Mas apesar deste autor ser meu
favorito, o melhor livro que já li não é dele. É de um autor guatemalteco. E
que também é cantor, imagina? Seu nome é Andy Molina, o maior cantor de todos
os tempos: 2,34m. É mole?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas o livro. Sim, sim, o livro! Que livro! Baita livro! 3500 páginas!
Tão grande quanto seu autor. E sua história é igualmente grandiosa. Trata-se de
uma história épica, romântica e realística, com um toque barroco e futurístico,
sem deixar a fantasia lírica para trás. Há de tudo um pouco. Germanio, um
menino de 12 anos de origem russa, que vive numa favela suíça, descobre que há
um mundo dentro do seu umbigo. Mas para desvendar este mundo, ele cria dois
personagens: Cabrera e Ramiro, dois cogumelos não venenosos que falam como se
tivessem um prendedor no nariz. Os dois escorregam pelo orifício juvenil por um
tobogã que desemboca num mundo diferente. Lá, as flores nasciam em todas as
estações, o clima era agradável, os animais não eram selvagens e o imposto de
renda não existia. A principal cidade era Huehuetenango, onde o dialeto
principal era o “huehue”. À medida que os cogumelos se encantam na cidade, os
vilões aparecem, dentre eles Barrios, prefeito da cidade e chimpanzé, e Carpio,
que era uma girafa obesa e também trabalhava como assessor de um deputado
qualquer (cargo comissionado). Um dragão, chamado Godines, também pode ser
declarado como vilão, até o momento em que ele foi reclassificado, saltando da
classe média para a baixa, e apelidado de “inflação”, soltou um fogaréu nos
políticos corruptos, que já existiam mesmo no mundo fantástico descrito no
inicio. Mas e Germanio? Bom, no fim, o garoto salva os cogumelos colocando a
mão dentro do umbigo, sem antes levar uma bofetada da mãe por atos indecentes
em público. Aos 18 anos, ao sair do sanatório, Germanio retorna as origens, e é
preso por porte ilegal de entorpecentes (rivotril e cafeína), tendo escapado em
uma fuga heróica, mas legal judicialmente. Tudo isso em apenas 50 páginas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bem, como não quero que mais ninguém leia esse livro (pois só
intelectuais como eu conseguem chegar até o final, sem fazer aqueles “feriados
de meio de semana”, dando saltos em distância no meio para dizer que leu), vou
contar o final. Spoiler? Azar. Não me conhecem. Não sabem do que sou capaz,
rapaz. Germanio se casa com Frida, ex-mulher de Fritz. Paparazzis que cobrem o
casamento matam os dois devido ao excesso de flashs radioativos, e os dois são
enterrados em Jupiter, à pedido do irmão de Germanio, Gerundio. Um pôr do sol
melancólico toma conta de Huehuetenango, que por ficar dentro do umbigo de
Germanio, agora era dominada por bactérias decompositoras jupterianas. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Andy Molina quer que abarquemos que nossos sonhos podem ser realizar,
mesmo que uma vida de 3500 páginas lhe diga que não. E que há uma vida além de
nosso umbigo. E como comprovou <span style="background: white;">Randle</span> em
“Um estranho no ninho”, há uma vida além do sanatório.<o:p></o:p><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12713&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuAmdklkdaZ6t6SjJtfmAMjxWBdNU1WPXtjjk_2l2snkvqRRICX0iWV8sDIrQc2ZbPj1cVwzeJUB0tkB28nspZFY3M-P28X6NSmgOsmqSD9_LmxWXU090FJBjZHeTaKjB-G5AJfX1pA/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-46539196298068378792016-06-30T14:52:00.000-03:002016-07-07T11:00:15.751-03:00A FESTA DO SONO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnc7sm45ALgbKI74K8SC50RtnmZLSI_llGxZNf8J75DrG0pSmGiobIXI50CLnXb0aW0zkgPZpKgDClBa94SCTu4yvWsM2cCOzVqclsVw5kTXwDKY7bkDxTUVhsxGB2gQkF3S_s8BBhw/s1600/Capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnc7sm45ALgbKI74K8SC50RtnmZLSI_llGxZNf8J75DrG0pSmGiobIXI50CLnXb0aW0zkgPZpKgDClBa94SCTu4yvWsM2cCOzVqclsVw5kTXwDKY7bkDxTUVhsxGB2gQkF3S_s8BBhw/s320/Capa.jpg" width="275" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Eram
três. Três horas. Da madrugada. Todos estavam dormindo. Mas ao contrário. Era
festa. Festa do sono. Mas ninguém estava dormindo. Pois era festa.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">Dominic, um garoto sérvio, brincava com tampinhas de
garrafa em seu quarto. Seu mãe e sua pai, quer dizer, seus pais, foram a festa.
Na sala, uma babá. No quarto, com Dominic, ninguém. Resultado: não havia mais
ninguém em casa, a não ser o pequeno de 8 anos.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Ainda mais agora que a babá estava dormindo.
Ela não era sérvia. Era búlgara. E ruiva. Mas chata. E dorminhoca.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">Dominic pegou suas tampinhas e as guardou dentro de
uma meia encardida. Estava as guardando para a escola. Altos planos. Mas seu
foco agora era a festa. Do sono. Ele sabia que seus pais imaginavam a
hibernação do garoto. Contudo Dominic não se chamaria Dominic se não quisesse
fugir dali. Se chamaria Bobonic. Ou Babaconic.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">Sua babá estava em altos roncos na sala. Os ratos
estavam com medo. Quando o pai de Dominic não estava em casa, na madrugada, a
festa era deles. Mas a babá virou um caso a parte. Seria apenas naquela
eventualidade mesmo, pois o pequeno polegar passaria ileso por detrás do sofá.
Abriria a porta e sem mais delongas, estaria na festa.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Estaria, se não fosse Edgar Van Picnic, um velho
ex-combatente da 1º Guerra. Ele estava sempre de olho no criminoso mirim em
potencial.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Onde vai, rapaizinho? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Vou procurar o Felix! -
Cão, mas como nome de gato. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">O velho fez uma breve análise sobre o mentiroso:
estava de pijama listrado e com cara de quem nem dormira ainda. Como o velho
tinha suas manhas de combatente, e uma demência jamais vista na face dos
traumas de guerra, soltou as letras:</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">- Ah tá.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Dominic saiu com seu livre arbítrio mal
desenvolvido porta afora.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Lá pelas tantas, ele ouviu uma voz na rua úmida, a
caminho da festa. Era um ladrão. Mas daqueles que nunca diriam a frase
cabalística dos criminosos a um garoto de 10 anos no máximo:</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Ei, garoto, onde está
indo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Para a festa. Quer vir
junto? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Aquela tapeador fez que sim. Todavia ele
hesitou.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">De onde um menino de 6
anos, com pijama listrado e cara de pirulito me convida pra ir numa festa
regada a Rum? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Oras, aqui mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">O ladrão não era bobo, realmente.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">- Pois vamos, guri!</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">Lá estava o menino, agora acompanhado de um tutor
imundo indo para sua festa. Dominic não sabia do perigo que estava correndo. Entretanto,
quando falamos em Dominic da Sérvia, é melhor pensarmos que o perigo só corre
mesmo é do próprio Dominic. Era mais fácil a babá acordar do que Dominic sentir
medo.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 116%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 116%;">Pois bem. A festa estava animada de mais, e a mão do
ladrão também. Mal sabia o vadio que em lugares onde pessoas se alteram poderia
ser mais fácil de trabalhar. Nessas alturas, Dominic estava fazendo algo
longínquo a do ladrão. O seu plano, bem dizendo. Dominic trouxera em seu bolso
uma dinamite. Ele tinha arranjado no armário do velho Edgar, quando o menino
quis usar o banheiro. O velho até o viu mexendo no armário, mas convém apenas
resumir que se tratava de problemas “papelísticos banherísticos”. E o velho?
Nem ai.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 116%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 14.05pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">Bem, a dinamite de Dominic estava posicionada. Onde?
No grande e fabuloso bolo da festa. Ainda não tinha sido cortado. Foi quando,
neste momento, um palhaço bêbado (reparem que não há crianças na festa, exceto
o penetra mirim) se aproxima do bolo e pergunta:</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Garoto, o que está
fazendo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Quero um pedaço do bolo! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-list: l4 level1 lfo4; punctuation-wrap: simple; tab-stops: list 8.9pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Apesar de eu estar meio tomado pelo rum, creio ter visto você colocando
um pirulito no bolo - disse o palhaço, que olhou para a cara de pirulito de
Dominic e misturou um pouco seu ponto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">É que eu não quero que
nenhuma criança veja! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Menino esperto, hein? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 118%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;">O palhaço sai feliz por ter ajudado o garoto. Mas
depois de 10 passadas a frente, ele percebe seu erro. As pessoas a sua frente o
admiram. Também, estão bêbadas... Apesar disso, algo diz que o palhaço viu a
dinamite, e o garoto podia querer fazer algum tipo de atentado. Mirim, é claro.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 118%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.6pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Ele se virou, surpreso, e disse:</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">- Eu fui lá pegar uns salgadinhos e voltei sem
nada... hic!</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Após o 'hic', a dinamite explode. Apenas depois de
algo explodir um bolo é que sabemos que a doceira caprichou no merengue e
descontou no recheio. No entanto isso era o de menos, pois a dinamite destruíra
o bolo, a mesa, o rum e a noite.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 117%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 117%;">Em se tratando de preocupação, cerca de metade dos
convidados aplaudiram após o ocorrido, pensando que a explosão era parte da
festa (destruir tudo era parte da festa?). Uma percentagem caiu pois a outra
percentagem, a de álcool, estava demasiada. Outros poucos ficaram assustados e
rumaram suas casas, apesar de estarem completamente desnorteados. Alguns desses
pensaram estar em Paris.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 117%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.8pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Antes que todos os raciocínios ilógicos provenientes
de festeiros da festa do sono sentissem que era hora de dar no pé, Dominici já
praticamente estava em casa. Teria apenas que burlar, mais uma vez, o velho
Edgar.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Menino, que horas são
essas na rua e de onde tirou esse sorriso de pirulito? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.9pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">São 3h, Sr. Edgar e hoje teve
festa lá no parque. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">O velho pouco acreditou, sabia da verdade.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">- Que bom, guri. Tenha uma boa noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="page77"></a><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Dominic entrou e deixou
cair um vaso com barro, em cima do gato Felix. Ele gritou e correu. O barulho
foi tão grande que fez a babá se mexer no sofá. Dominic fechou a porta e
retirou-se na cama.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Na manhã seguinte, os pais chegam 8h em casa. Estavam
acabados. Na verdade tinham ido dormir 4h, só que na rua. Na verdade, não muito
longe. O próprio Felix tinha ido os acordar.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">A babá ainda dormia, mas acordou quando sentiu cheiro
de pão, que o pai havia trazido. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Tão
logo despertou, começou seu relatório:</span><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-list: l0 level1 lfo6; punctuation-wrap: simple; tab-stops: list 7.75pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Sr. Petkovic, o garoto foi dormir as 9h da noite, e eu as 11h. Nada
aconteceu durante a noite, visitei o menino durante toda a noite. Essa sujeira
foi culpa do gato. Se quiserem perguntar algo, façam ao Sr. Edgar, vizinho de
prédio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Não será necessário,
minha filha, tome aqui seu pagamento - sentenciou a mãe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 1.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">O pai sentou na mesa enquanto a mãe fazia o
café. No jornal, duas manchetes estampavam morosamente a capa:</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">"Festa
do Sono é arruinada por dinamite no bolo. A investigação fará sua apreciação
nesta tarde. Mas, provavelmente, seria ato de algum borracho da festa".</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 1.0pt; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Talvez a loucura do
acontecido fosse o de menos. Ambos sabiam que combinar aquele horário com beber
demais daria nisso. Os detalhes da notícia ainda apontariam um palhaço de 46
anos como principal suspeito.</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 121%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;">Na outra notícia, dizia: "Ladrão é preso após
roubar todas as pessoas na festa, beber muito Rum e dormir com o saco dos
pertences a 10 metros do local".</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 121%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Depois desse ocorrido, muitos servos tem
admitido que a frase 'a noite é uma criança' surgiu ali. Porém, isso eram
apenas</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"> </span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">boatos.
Uma coisa estaremos sempre certos: Nunca colocaremos o nome de nossos filhos de
Dominic...</span><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">¨¨¨¨</span><span lang="EN-US" style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 1.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 8pt; text-align: justify; text-indent: -8pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Querida, onde está meu
isqueiro? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.65pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 11pt; text-align: justify; text-indent: -11pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">-<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Não seja bobo, querido, o
ladrão deve ter roubado! <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/a-festa-do-sono-7467154.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1EybdoBVB9-hH0wLYWRDB3frySWBRsdMF1-1PFuyoBAmEsdrfmaB9klqZpeRBu3qt4qXJfEn1OwfZ08ybT_-eWa3b3yj1kFUOI1HmfEUrV0jyIJqttlYiP0W_z19FoZDoPkX0ozQUQQ/s1600/artigonal.png" /></a></div>
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-19176652566971238212016-06-25T21:54:00.000-03:002016-07-20T17:05:17.237-03:00QUANDO DESCOBRIRAM A AMÉRICA – M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ1U_HQyPEokTq83mS3TMKhFoc3lFsGE43xM2Gy3adtskT3FoxMBzm7xEjQY5P0JltstRYPvnu0vlBsi8Ecql6eKkRMmECHGgZtoG-SslsEAc9UPiVsFAEsdPTRRTFRpCJ7POp8kX5pg/s1600/20141004_070450.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ1U_HQyPEokTq83mS3TMKhFoc3lFsGE43xM2Gy3adtskT3FoxMBzm7xEjQY5P0JltstRYPvnu0vlBsi8Ecql6eKkRMmECHGgZtoG-SslsEAc9UPiVsFAEsdPTRRTFRpCJ7POp8kX5pg/s320/20141004_070450.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Meu outro amigo, Leopoldo, estava na sua
varanda tomando suco de naftalina, quando aquele vento chegou e quase destelhou
a casa e o restante de cabelo que ele ainda tinha. Era um toró. Sua mulher
ordenou que recolhesse a roupa, mas ele não sendo bobo, passou a informação ao
seu filho de 3 anos. O guri, corajoso e quase levantando vôo na ventania, recolheu
a roupa com uma taquara. Foi quando um rebuliço de poeira apareceu próximo da
porteira. O outro filho, de 14 anos, apontou e disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Vejam aquilo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Já ali eu já desconfiava que o raciocínio
naquele ambiente estava meio atrasado. Bom, o rebuliço era eu. Tinha acabado de
sair do ônibus e tropecei em um carrapato. Como era uma ladeira, e o vento
estava mais intenso que juros de banco, eu rolei morro abaixo. Mas, enfim,
havia chegado ao meu destino mais rápido (e mais sujo também).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Leopoldo pegou um balde de água e jogou na
minha cara. Quando a poeira sumiu, ele disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Ah, é você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Sim, sou eu – respondi. E o balde não era
de água, enfim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Mas te senta na cadeira e me conta as
novidades, Jurandir – disse ele, contaminado pela naftalina.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Tive que contar as novidades, desde o chá de
fraldas que minha mãe fez antes de eu nascer até o banho de alvejante que levei
na cara. E isso que já o havia visitado semana passada. A memória sem dúvida é
um grande radar, mas não chega a ser um GPS. Ou seja, seja o que for, a parte
interessante não se encontrava nessa introdução. Mas sim no desenrolar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Um dos filhos da faixa etária de 3-10 anos de
Leopoldo estava em seu quarto, escrevendo em um caderno, por um longo tempo.
Isso me deixou curioso, dado que a cultura do restante da casa estava mais
deprimente que ouvir MPB remixada. Sem contar em ditos como “é hoje que o Abreu
mata a Teresilda?”, “sim, estava no resumo do jornal”. Eu não podia entender
como um jornal resumia um crime premeditadamente. Apenas fiquei em silencio e
com medo, pois havia risos durante o falatório e conclusões do tipo “ela
merecia”. Aquele caderno parecia ter algo mais interessante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Algo me fazia acreditar na máxima “a criança
é o futuro do país”. É óbvio que ela é o futuro, mas qual futuro? Vendo por ai,
estava mais próximo do futuro do pretérito; mas, lá no fundo do túnel de trem
que ainda não inaugurou, existia uma esperança de que, um dia, esse futuro se
tornaria presente. Nem que fosse num consórcio de 35 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Levantei-me, quando o assunto da lesão do
lateral direito do time inexpressível local havia terminado, e disse que iria
ao banheiro. Na verdade eu já estava num banheiro, onde a latrina eram os
ouvidos. Fui na verdade ver o que o menino anotava, pois escrevia tanto que
achei que fosse um monge mirim. Bati na porta, sem medo de estragar a
inspiração que ele tinha no meio da não-inspiração do lar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Estou atrapalhando? – perguntei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- É uma pergunta ou uma constatação? – disse
ele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Nossa! Ele me respondeu como eu respondo em
pensamento para todos. Isso me fez lembrar de uma frase: <b><i>Se
meus medos tomarem conta de mim, desisto, pois sou um baita medroso</i></b><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">. Isso dizia muito sobre mim.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Bom... Desculpe!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Não tem problema. O que você quer?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Fiquei curioso com sua dedicação aos
manuscritos, por acaso escreves algo em especial?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Estou trabalhando em uma teoria que
rebaterá a relatividade de Einstein. Fiz algumas ponderações quanto aos
movimentos celestes nos últimos dois anos, e se as integrais dos deslocamentos registrados
forem confirmadas na teoria, posso alterar alguns conceitos conhecidos da
astronomia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
De começo, achei que ele andava assistindo
muito filme de faroeste, mas ao ver a quantidade de anotações que ele havia
feito relacionadas aos movimentos celestes num certo período de tempo, fiquei
espantado. Abismado. Maravilhado! Mal podia acreditar que um garoto franzino
que morava onde o Judas perdeu o diploma do supletivo era um gênio. E suas
teorias estavam visivelmente corretas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Olhei folha por folha, questionei-o quanto as
implicações. Ele respondeu tão naturalmente que colocava uma banca de doutorado
no chinelo. Mas tudo estava indo tão bem que não me dei conta do tempo-espaço. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Uma gritaria vinha da sala. A mulher de
Leopoldo chegou no quarto e disse que um dos filhos da faixa etária de 15-22
havia descoberto algo impressionante: quando se colocava esponja de aço na
ponta da antena da TV, a imagem melhorava. Eu não acreditava no que estava
ouvindo. Dei de ombros. Como se adiantasse. A mulher me pegou pelo braço e me
carregou até a sala para ver o ocorrido. Sim, o sinal parecia melhor. Mas a
festa mal havia começado. Leopoldo sacou a viola e começou a tocar músicas para
animar o ambiente, como se já não bastasse à euforia descontrolada. Eu entrei
na roda, se não sairia rodando. Num certo ponto, Leopoldo disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Vamos fazer uma fogueira!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
E saíram todos para a rua, comigo e tudo
mais. Amontoaram madeira, moveis estragados, entulho, guias de TV, tapetes, o
cachorro, palha, etc. E tacaram fogo. Eu tentava entender se a comemoração era
apenas uma desculpa por uma alegria momentânea entre a família. Não parecia,
dado que os filhos carregavam sofás, camas, armários, demonstrando a certo
ponto cansaço, mas sorriam como doidos. Notei que havia um conflito entre as formiguinhas
que carregavam os móveis de casa. Não deu tempo de ver o que era, mas pude
entender logo. Um dos filhos, este já da faixa de 23-29, jogava os cadernos do
filho da faixa 3-10. Quando vi, não tive outra reação a não ser cair de joelhos
e gritar:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
-
Nãããããããããããoooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Todos me olharam com desprezo. Inclusive o
guri 3-10, que afirmou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Eles me convenceram que a imagem da TV
havia melhorado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Estava tudo acabado. Prêmio Nobel, riqueza,
periódicos, nada mais. Senti-me como um índio tentando provar que havia chegado
primeiro à América. Em vão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Fui para a casa, desolado. Já era noite e
tinha que trabalhar (ou fingir) no dia seguinte. Peguei no sono. 15 minutos
depois, madrugada adentro, ouço batidas na porta. Quando abro, ainda tentando
abrir os olhos também, me deparo com Leopoldo e sua numerosa família.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Podemos ficar aqui essa noite?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eles haviam queimado a casa inteira no fogaréu. Eu ainda morava num JK
sem quarto. A noite era uma criança. Mas algo me fez continuar pensando no
futuro das crianças, apesar de tudo. O menino 3-10 me confessou: havia jogado a
TV na fogueira. Ao menos ninguém mais morreria premeditadamente por um longo
tempo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/content.php?artigo=12718&categoriaid=LITERATURA" target="_blank"><img border="0" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpdJ7CZd92x1om-k_eWVHnEyd4z5PxaEiQeMIOFX4756pW0uivdODtiTQoA3PeqSUvxGYHdJNDTeWP1v9YFmeqWCV8RFkZyA3sf4Bm7GGqDf6voqAYASE0XqG6c7a3V9kAHidUOE1xOg/s320/cron%25C3%25B3pios.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br /></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-69786909331452501462016-06-23T21:58:00.000-03:002016-06-23T21:58:07.073-03:00FUTEBOL DE ANTIGAMENTE – F.S.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM3oKKIE5lTH6XVbJwPc8mtzwdeOFFPMlmevDVmlrElk-OidWh5h8EYSkI6DIntB2BF-q03agu_Qz7vzfo51kNT7Xi34-OUpj7hh5yN8oKzjT2gZ59yUgOjGeXxYEMcFEgChJWhyQZUQ/s1600/Foto0598.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM3oKKIE5lTH6XVbJwPc8mtzwdeOFFPMlmevDVmlrElk-OidWh5h8EYSkI6DIntB2BF-q03agu_Qz7vzfo51kNT7Xi34-OUpj7hh5yN8oKzjT2gZ59yUgOjGeXxYEMcFEgChJWhyQZUQ/s320/Foto0598.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A história do futebol é meio maluca. Dizem que o <i>pok ta pok</i>, esporte praticado pelos maias, era futebol, apesar de
há 3000 anos não haver transmissão na TV. Como não havia polícia, qualquer
pancadaria nas arquibancadas virava um conflito armado, que só acabava quando
houvesse sobreviventes de apenas um time. Dizem até mesmo que os maias foram
eliminados do torneio sul-americano pelos incas, que por sua vez foram
eliminados pelos astecas, que logo viriam a ser eliminados por Hernán Cortés, que
era um conquistador, como o Pelé por exemplo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mais tarde o esporte, que dizem ser bretão, viria a ser praticado na
China, lá chamado de <i>cuju</i>, da
dinastia Han. As regras eram parecidas, mas quem perdia tinha de ver o jogo das
arquibancadas, e o que se via era tão triste quanto assistir a Série C. O <i>kemari</i>, praticado no Japão, tem bastante
influência na cultura cerimonial nipônica e até hoje esse esporte é lembrado
por meio da famosa firula (brincar com a bola sem se preocupar com o resultado
do jogo).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Passando rapidamente pela Idade Média, até hoje se tem dúvida em
relação à Guerra dos Cem Anos, que alguns dizem ter sido ocasionada depois de
uma goleada da França nos ingleses, gols de Joana D’arc e de Luis VII. O <i>futebol escolar</i> da Inglaterra era tão
violento que deixava até mesmo os vândalos intimidados. O <i>calcio fiorentino</i>, dos italianos, foi o pioneiro da venda de pizza
em estádios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E por ter sido disputado na Inglaterra, este foi o país originário,
pois tudo que é em inglês é melhor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aconteceram inúmeros fatos que acho bizarro no século XX, aquele antes
das torres gêmeas caírem. O futebol se organizou e foram criadas seleções
mundiais, uma entidade para gerir um campeonato mundial e também surgiu a TV...
O Uruguai ganhou a primeira Copa do Mundo, a de 1930. Os fascistas ganharam a
Copa de 1938, sendo o primeiro partido político a vencer um campeonato de
futebol. Em 1950 o Brasil perdeu em casa para o Uruguai, por 2x1, episódio
conhecido como <i>fracazzo</i>. Entretanto logo
após o Brasil ganhou cinco Copas e é a maior vencedora, seguida por Alemanha e
Itália, com quatro. A Argentina ganhou duas vezes, assim como Uruguai. França,
Inglaterra e Espanha ganharam uma vez. O Suriname nunca ganhou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Além disso, temos os times de futebol, já que esperar quatro anos por uma
Copa do Mundo era uma eternidade. Destacam-se nesse quesito times com mais
dinheiro, assim como no mundo empresarial, portanto, não vale a pena citá-los.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
É aí que entra o X da questão. O futebol de hoje não se compara ao de
ontem, nem com o de anteontem. Hoje somos movidos a dinheiro. Antes era por um
prato de arroz e feijão. Eram bons os tempos de Taílton, aquele zagueiro do
Jubiraba, ele quebrava umas cinco canelas por jogo, mas a bola não passava por
ele. Era bom o tempo de Tornílio, o goleiro que jogava com um revolver na
cintura, ninguém se atrevia a fazer gol nele. Ou então o Tiro-Liro, que ficava
plantado no ataque e tinha suas manhas de fazer o gol, como fazer cócegas no
goleiro adversário. Isso era futebol! E hoje, um joelhão já é motivo de expulsão.
Onde já se viu? Os maias teriam vergonha se assistissem a uma partida atual. Ou
talvez seja por isso que, efetivamente, eles não possam assistir, por causa de
um jogo de bola. Enfim, o futebol é meio maluco às vezes, assim como eu.<o:p></o:p><br />
<br />
<a href="http://www.artigonal.com/cronicas-artigos/futebol-de-antigamente-7461744.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGoOMDYeVNjHIW3AaZbfDcmOEBv-2imum_pI-myCKGPdXdI1t24R0Vl9TDU40aYTEY8s3ISwcV2RatJtNisrD4RuoU8rdgsggdPuQsxo-ei8JM0Ph4drMMuLCwnr3e8VW9gFs6xz4PLg/s400/artigonal.png" /></a></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-70958810360355966552016-06-20T13:52:00.001-03:002016-06-20T13:52:10.186-03:00SE HÁ GOVERNO, ESTOU DENTRO – O.T.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ3Zu3UKnsDyFABHBQCg_5KXEsEIGaQ3o0IkKF1DOUawdzFU_pT8ZDkRBVMSsVXt-MsTsXspeugxuw7XqA4eQTgNaBQDK_QRluEn9O4iIm8w-hbefE2qWaj6Y7A8w6GGG8pKpfCfs_gg/s1600/IMG-20160318-WA0001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ3Zu3UKnsDyFABHBQCg_5KXEsEIGaQ3o0IkKF1DOUawdzFU_pT8ZDkRBVMSsVXt-MsTsXspeugxuw7XqA4eQTgNaBQDK_QRluEn9O4iIm8w-hbefE2qWaj6Y7A8w6GGG8pKpfCfs_gg/s320/IMG-20160318-WA0001.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estou farto de muita coisa. Já não encontro mais os produtos
ultrapassados de outrora. Estariam ultrapassados? Mas quer saber? Estou farto
dos comunistas. E farto é pouco. Semana passada eu encontrei um na rua e lhe
acertei uma concha na orelha. Desconfiei que fosse comunista pela roupa
vermelha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bons eram os tempos de JK. 50 anos em 5. 10 em 1. 1 em três semanas.
Uau! Ou então a ditadura, que não tinha nada de esquerda. Ou o coronelismo,
onde a eleição foi e ainda é um mero teatro reprisado. É por isso que em minha
casa, quando da necessidade de evacuar, utilizamos o recinto do fundo à
esquerda. E só.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Enfim, apenas quero expressar a nostalgia que habita em meu ser, dos
tempos em que podíamos sair nas ruas e utilizar os serviços particulares sem
que houvesse trabalhadores oriundos da classe operária por lá. Hoje, o
assistencialismo do governo permite que pobres tenham acesso a tudo, até mesmo
a redações de jornais como este que escrevo. Inclusive, ideologias vermelhas
podem ser adquiridas em qualquer esquina atualmente, pela bagatela de míseras
moedas esterlinas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas apesar de todas as destruições causadas pelo esquerdismo marxista,
stalinista e cinegrafista, agora o poder é deles. O socialismo venceu. Onde
quer que você esteja agora, aplauda. É sim, você mesmo que está lendo,
levante-se e bata palmas para o comunismo! Eles merecem! Hoje mesmo fui dar os
parabéns aos antigos inimigos de debates e de lutas corpo-a-corpo durante campanhas
presidenciais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Inclusive, retiro o que disse no começo do discurso. Vou pedir para o
editor alterar. Sou comunista, meus caros, desde já. Se o poder os pertence,
estaremos de mãos dadas. Vou me abster de luxúrias e do militarismo. Se
militares usurparem o poder, criarei a FUGA (Força Urbana de Guerrilha
Anarquista). Tocarei o terror na cidade. E depois que eles caírem se saberá
apenas do que fizeram. Do que fizemos, não. Pois o comunismo é isso! Só querem
quebrar sem que sejam quebrados, prender e viverem soltos! É isso mesmo.
Esqueçam as palmas, sem palmas para estes patifes! Se já aplaudiram,
levantem-se e vaiem! Fora comunismo! Direita vive! Viva Dom Pedro II e Deodoro
da Fonseca! Viva Getúlio e Prestes! Robespierre e Luis XVI! Lenin e Alexandre
II! André Agassi e Pete Sampras! Tom & Jerry! Caetano e Veloso! Eu e um
charuto cubano (faz de conta que não é cubano)! <o:p></o:p></div>
<br />
<div align="left" class="MsoNormal">
(Escrito da direita para a esquerda, como
solicitado pelo autor).<o:p></o:p></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-28706726211427375532016-06-17T23:33:00.000-03:002016-06-22T11:18:56.834-03:00AS MARAVILHAS DE UM PALAVRÃO – M.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd3Ujtaq2ABwfo3z8IcDEXrhcQdrtHvCwK5QoFZBXCbFRgaU-EGrzwjOciGlJPuiqJvSZ5RLZwm2-R4pJVjebXnIYB8NB8pH7d3C6x-qoF-ZzxC2fk4IUhSFekcy0uezWqSH_AxYJpRQ/s1600/IMG-20140216-WA0005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd3Ujtaq2ABwfo3z8IcDEXrhcQdrtHvCwK5QoFZBXCbFRgaU-EGrzwjOciGlJPuiqJvSZ5RLZwm2-R4pJVjebXnIYB8NB8pH7d3C6x-qoF-ZzxC2fk4IUhSFekcy0uezWqSH_AxYJpRQ/s320/IMG-20140216-WA0005.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Nunca entendi o porquê de dizer um palavrão
após um estado ruim de espírito. Meu amigo, Joaquim Nabuco do Nosor, certa vez,
me disse: “Quando estou bravo, esbravejo; quando estou esbravejando, eu me
sinto aliviado”. Tudo bem que dias após ele foi alterado de sala na unidade
psiquiatra por se eleger vice-presidente do recinto. Seus colegas o chamavam de
louco, pois em seus debates, falava absurdos aos seus oponentes. Na sala, só havia
ele e mais dois.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Esse exemplo não é o mais significativo. Vejo
torcedores elogiando os juízes, habitantes de bares trocando palavras maravilhosas
por discussão política, vizinhos comentando sobre outros vizinhos de forma
gentil e educada, motoristas felizes cumprimentando seus colegas de trânsito,
por ai afora. Mas nunca havia feito parte deste mundo, onde tudo se transforma
ao se proferir uma palavra torpe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Até ontem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Dona Joaquina De Arco, presidente (de
verdade) da associação de marias lavadeiras do bairro X (o meu), resolveu bater
lá em casa, após ver uma de minhas frases publicadas. Ela bateu na porta,
esperou eu abrir e, com um sorriso semi-irônico, me disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Quem está em estado vegetativo é a sua avó!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Virou-se logo e saiu sem deixar tempo para a
réplica. Talvez estivesse se referindo a frase: <b><i>Não há problema em
assistir novelas, desde que seu estado seja vegetativo</i></b>. Mais tarde,
confirmei. Pensei, antes de qualquer coisa: é neste momento que as pessoas
costumam soltar um palavrório. Matutei por meia hora tentando adotar um termo
mais adequado àquela situação. Meus dicionários, do tempo da que a roda ainda
era um hexágono, remetiam ao: mas<i> que coisa! </i>Incrementando um pouco
mais de baixaria, cheguei à banca com esta tese: <i>mas que excremento mal
procrastinado pelo seu intestino delgado</i>!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Ao perguntar a um garoto de nove anos que já
quebrou minha janela sete vezes jogando bola sobre esse assunto, ele me
lecionou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Vai pra **** que ***** com esse papo que eu
não entendo nada, tio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Anotei no caderninho e guardei para uma
ocasião futura. E ela não demorou a chegar. Estava eu fazendo minhas compras e
na prateleira de vinhos finos franceses, estava o último pacote de Trakinas de
morango do estabelecimento (vasculhei tudo para ver se ainda existia mais
alguma). Quando fui pegar aquele diamante doce, me aparece um brutamonte de
1,54 m, fazendo sombra nos rodapés, e apanha a preciosidade. Foi como um filme
que em minha mente rodou as imagens do menino se expressando e as palavras
brotaram prontamente:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
- Vai pra **** que ***** com essa sua mania
de afanar as preciosidades das mãos alheias!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Não sei se ele era surdo. Não me deu ouvidos.
Nem mesmo para o escândalo que estava por vir. Como que instantaneamente, um
alarme soou no pacato mercado, como um alarme que soa quando um cidadão rouba
um pão para comer e é condenado a 35 anos de prisão (e que ainda não foi
instalado no planalto central). Silvio Santos saiu de uma parede, com uma
maleta carregando milhões em barras de ouro (que valem mais do que dinheiro,
segundo ele mesmo afirma). Confetes caíam sobre mim durante a entrega da maleta
em minhas mãos. Havia uma plateia ao fundo, que aplaudia a minha atitude de pé,
como se eu estivesse num programa de auditório. Lá estavam a dona Joaquina e o
menino, me aplaudiam com sorrisos largos. Parecia, ligeiramente, com a reunião
de aceitamento a uma doutrina maçom (ou algo parecido); meu amigo Joaquim, que
só não aplaudia, por causa da camisa de força; mais alguns figurantes típicos
e, para minha surpresa, o grandalhão que roubou minha Trakinas. Entregou-me uma
caixa cheia de pacotes da preciosa bolacha. Ele parecia envergonhado pelo ato
que fez, e parecia arrependido. Após esse cerimonial, uma orquestra sinfônica
entoou “O Guarani”, e um tapete vermelho se estendeu até o caixa. Caminhei
sobre os aplausos do público presente e logo as luzes se apagaram. Tudo voltou
ao normal. Mas eu estava melhor. Aquele palavrão mudou minha vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Tudo bem que meu amigo Joaquim não estava
muito bem da cabeça; mas esse era seu modo de vida. Assim que saí do hospital,
me senti um pouco ele. Aprendi muitas coisas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
Na verdade, esqueçam o penúltimo parágrafo. O
baixinho ouviu o palavrão. Acertou-me com um taco de beisebol (que também
estava na prateleira de vinhos finos franceses) na cabeça. Fiquei uns dias em
coma. Ao retornar para casa, o vidro da janela da sala estava quebrado, mas a
bola não estava lá, e nem o Doritos que havia no sofá. A TV estava ligada na
novela da 8h35min, exatamente no momento em que Ronaldo queria se casar com
filha do chefe Pedro, que era pai de sua ex-prima. E a maleta de um milhão
estava vazia. Respirei fundo, e concluí:<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
- Sabe, até que as novelas são boas!<o:p></o:p></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19828201521410193.post-85619074588257129582016-06-17T23:25:00.001-03:002016-07-06T16:36:20.781-03:00ATROPELAMENTO NO INTERIOR – G.L.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHmSZZTBQ0iUIbH-CLyle9oaXsNtxTX8pusIDbjkiNFD6g1qrQwXhtCERV0UeHQivEJ_QrrYGw7asI1_uzi9bRBoFoZAJ2kV572lhsDyOQqUGtn61_eSEnfdMRQEqLaM4m356tncas0Q/s1600/20140501_153237.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHmSZZTBQ0iUIbH-CLyle9oaXsNtxTX8pusIDbjkiNFD6g1qrQwXhtCERV0UeHQivEJ_QrrYGw7asI1_uzi9bRBoFoZAJ2kV572lhsDyOQqUGtn61_eSEnfdMRQEqLaM4m356tncas0Q/s320/20140501_153237.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso se passou lá na grota, na zona rural da cidade satélite de Lambari
do Oeste, que era considerada "desenvolvida". Para se ter uma ideia,
"Eu reconheço que sou um grosso", do Gildo de Freitas, era a mais
tocada de todas as rádios de lá - que no caso só havia uma, a rádio Grosseria -
incessantemente, tanto que era o hino oficial daquele valão. A tia em questão
(Gorgonzolina, mas apelidada de Lina) estava bastante confusa. Sua TV com
Bombril na antena funcionava que era uma maravilha - ela usava como rádio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aristides (tio e esposo da tia, a quem chamavam de Tritongo) não
aguentava ficar em casa. Estava um calorão. Fazia 40°C na sombra, e no sol,
80ºC. Ele pegava seu jipe adaptado - ele usava um chassi de fusca e rodas de
trator - e saía campos a fora pra bater um ventinho no sovaco. Numa dessas
saídas, conseguiu apanhar cerca de 200 bergamotas de uma chácara de japonês,
"emprestado". Ao retornar, viu sua esposa Lina na beira da estrada,
carregando as sacolas do mercado e um botijão de 18 litros, em meio a poeira
danada:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Pra pegar bergamota tu sais de carro, não é seu imprestável?! - disse
ela, raivosa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ao que o tio, mais omisso que o Governo, sentou no carona e deixou a
tia guiar. Lá pelas tantas, eles passam por um quebra-molas - que na cidade era
feito com sobras da lavagem do porco -, mas nada de mais. No terceiro, sem
reparar, a tia passou batido. Não deu aquela "freadinha" antes. Os
dois bateram a cuca no teto do fusquinha. "Humpf", pensou o tio. A
tia freou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Tá resmungando é?!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela saiu do carro e puxou o tio pra fora. Deu-lhe uma camaçada de
chineladas nas pernas. Ele levava na esportiva; ou eram os chinelos ou a
casinha do cachorro...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo após a "lição" do Tritongo, eis que os dois olham para
trás. Lá estava o terceiro quebra-molas, que na verdade não era bem isso.
Epitáfio, o ornitorrinco da tia, estava lá, desfalecido, mais parado que fila
do banco. A tia desmaiou. Mas caiu em cima do tio, que desmaiou também - porém,
devido ao impacto. Ao acordarem, não viram mais nada. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Desesperada, a tia Lina pegou o fusca e foi pra casa. Mas lá já estava
o ornitorrinco, apenas com ferimentos leves. Ela estava feliz novamente. E o tio,
à 40 Km dali.<o:p></o:p></div>
Heterônimo Anônimohttp://www.blogger.com/profile/08319153647673760088noreply@blogger.com0