terça-feira, 12 de julho de 2016
Esses dias eu estava de boa no escritório, escrevendo mais uma das
minhas bobagens, quando, num ato inédito (mentira), parei um pouco. Pensei,
pensei e pensei: meu emprego é uma farsa! Estou aqui sentado na frente de um
computador, digitando letras para que outros, que também estão na frente do
computador (ou Tablet, iPad, Celular, mictório), leiam. Já imaginou se, em
algum dia, eu usar o banheiro e vir digitar com as mãos sujas? Tudo bem que os
leitores já estão acostumados a ler porcarias, mas isso não pareceria mais literal?
Pois bem, é isso.
Pergunto-me: eu teria a mesma paciência dos meus leitores para me ler?
Será que reservaria meu tempo para ler isso que estou acabando de escrever?
Algumas situações práticas, por exemplo: um lenhador, contratado para
devastar um bosque, de repente, para. Está cansado de dar machadadas em
troncos. Ele pensa: "Estou a fim de ler uma porcaria de texto neste
momento". Pimba! Alguém largou de mão sua atividade para me ler. Isso
talvez possa ser comum em situações que envolvam tarefas repetitivas. Como o
Charlie Chaplin, no filme "Tempos Modernos". Está certo que naquela
época, se você parasse de apertar parafusos, vinha imediatamente um brigadiano
e descia o sarrafo no teu lombo. Mas e hoje? Um rapaz, que trabalha na linha de
produção de materiais reciclados, "do nada", para sua produção e
pensa: "Vou deixar de transformar porcarias em coisas boas e tentar
entender essas porcarias". Pimba de novo! Lá está mais um na frente de um
computador lendo essas coisas aqui.
Já pensaram (isso mesmo, no plural, já que "há" um lenhador e
um reciclador me lendo) se o FBI estiver lendo meus textos? Tipo, pesquisando
para ver se não estou planejando um atentado à Disney? Imaginem, por exemplo,
se Brad Hanks, um novato recém contratado da agência inicia seu trabalho
pensando: "Quero começar com o pé direito, vou achar logo um mentecapto
que quer explodir a Casa Branca!" e, começando sua busca, ele cai
exatamente aqui, como quando um beija-flor aterrissa em solo procurando uma
flor, mas cai diretamente na câmara dos deputados em Brasília? Provavelmente
ele desistirá do emprego e irá seguir na carreira de motoboy de loja de R$1,99.
Frustante não acham?
O jeito é continuar escrevendo. Vai que um dia eu escreva algo útil?
Assim, quando um lenhador, reciclador ou o próprio FBI poderão pensar:
"hm, interessante".
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