Um dos poucos aristocratas anônimos que ainda
fuma charuto nas esquinas (mesmo quando cães urinam em suas calças), O
Moralista, como é conhecido apenas, é filósofo nato e estudioso teórico do
comportamento social. Entretanto, sua área de atuação é o convívio, em inércia,
nos mais variados ambientes sem que haja um patrocinador monetário e movimentos
bruscos. Para muitos, isso significa ser um vadio. Para ele, todavia, isso
prova que muitas experiências são vivenciadas sem que haja motivação lucrativa
em cima; isso soa meio utópico, apesar dele mesmo admitir: “Se os poetas
trabalhassem de segunda a sexta, nosso PIB dobraria”. Aliás, por estar aquém do
trabalho, ele tem certa propriedade para falar do mesmo: “Há pessoas que
trabalham enquanto dormimos: são conhecidas como ‘chineses’”. Apesar de ser
contra a remuneração de filósofos para que escrevam periodicamente, já que a
ideia boa é aquela livre de qualquer influência, admitiu escrever aqui por problemas
financeiros: “Mais vale R$ 12,50 na mão do que na manutenção da conta corrente”
e “a solidão é um sentimento dos endividados”. Mesmo que não trabalhe por
pepitas de ouro, como faziam nos anos dourados, ele é confiante: “O pessimismo
nunca ganhou nada. E eu, como ele, também nunca ganhei nada”. Algumas pessoas
insistem em tentar descobrir que ele é. Porém, ainda mais nesse compilado, não
será possível. Suas análises poderiam ser afetadas. E também não julguem se ele
errar, pois como ele mesmo diz: “Nem tudo que reluz é ouro; pode ser um holofote
de 100 Watts”.