quarta-feira, 20 de julho de 2016

O PRIMEIRO AMOR – L.B.



Desde os tempos mais primórdios, como cantam os sambas-enredo, o amor está aí. Seja romântico ou cruel, na primavera ou na delegacia de polícia. Muitos me perguntam: “quem foi o teu primeiro amor?”. Apesar do enxerimento, sempre digo que foi há muito tempo. Quem? Bom, depende do que seria esse primeiro amor. Às vezes podemos pensar na mãe. Ela nos trouxe ao mundo e nos ensinou a andar e falar. Ensinou a chorar e ser responsável. A compartilhar e a amar. Ela nos amou primeiro! Mas esqueçam dessa teoria e vamos para o meu caso: eu nasci de uma experiência científica que deu certo (apesar do que dizem), e hoje possuo alguns neurônios mais avançados que a maioria dos seres humanos. Consigo, inclusive, ver o que as pessoas pensam enquanto estão amando, ou seja, em amor. Como fui criado em laboratório, meu irmão mais velho era um ratinho, chamado Larry. Ele havia sobrevivido a uma experiência a qual me deu a oportunidade de ser o pioneiro humano de tal experimento. Apesar disso, ele não foi meu primeiro amor, nem o Dr. Carlos Cubano, autor do experimento, nem as enfermeiras, tão pouco os medicamentos. Foi o espelho. Quando vi aquele homem em minha frente, me apaixonei. À primeira vista. O experimento foi um sucesso. Como não me amar?
Se toda essa baboseira não for meu primeiro amor, então foi no colégio. Uma menina chamada Valentina me bateu por eu ser assim, um amante natural. Ela notou que ao socar minha cara, eu ainda continuava com os olhos nela. Isso a fez amolecer o coração e as pancadas viraram afagos. Alguns anos mais tarde me ligaram do esquadrão antissequestros para auxiliar em um caso. Valentina era a chefe dos atiradores de elite. O sequestrador hoje é casado com ela.
Se ainda isso não servir, fico com meu casamento. Eu sonhava tanto em casar que quando acordei, já estava no altar (caído por ter dormido). E ela estava na minha frente, vestida de noiva. Era linda. Pedi seu telefone. Ela se fez de difícil. O pastor pediu silêncio. Mas eu estava apaixonado, e a chamei para dançar. Todos ficaram atônitos, a minha futura sogra dizendo “eu já sabia”, os padrinhos cantando um samba, e os convidados aos poucos entrando no ziriguidum. No fim do dia, durante a lua-de-mel, sonhei que havia acordado.

Bom, se isso não bastar, eis minha ultima ficha: minha cadelinha Xina. Ganhei-a aos 14 anos. Eu cuidava tanto dela e a amava, mas um dia ela me abandonou. Fiquei desolado. Meu primeiro fora. Fiquei dias no quarto lendo Crepúsculo e ouvindo sertanejo. Quando me recuperei, anos depois a encontrei, feliz, comendo ração em alguma casa próxima a minha. “Não sabia que ela comia, achava que funcionava com pilha”. Bom, vivendo e aprendendo, e ao menos eu estava vivendo. Mas amando, sempre. 




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