terça-feira, 5 de julho de 2016

O MELHOR LIVRO QUE JÁ LI – C.L.



Meu autor favorito é José de Alencar. Alguns dizem que ele é chato e passa 80% do livro descrevendo cadeiras e objetos do cenário, e deixa de lado o enredo. Eu discordo. Motivo? Não interessa hoje. Mas apesar deste autor ser meu favorito, o melhor livro que já li não é dele. É de um autor guatemalteco. E que também é cantor, imagina? Seu nome é Andy Molina, o maior cantor de todos os tempos: 2,34m. É mole?
Mas o livro. Sim, sim, o livro! Que livro! Baita livro! 3500 páginas! Tão grande quanto seu autor. E sua história é igualmente grandiosa. Trata-se de uma história épica, romântica e realística, com um toque barroco e futurístico, sem deixar a fantasia lírica para trás. Há de tudo um pouco. Germanio, um menino de 12 anos de origem russa, que vive numa favela suíça, descobre que há um mundo dentro do seu umbigo. Mas para desvendar este mundo, ele cria dois personagens: Cabrera e Ramiro, dois cogumelos não venenosos que falam como se tivessem um prendedor no nariz. Os dois escorregam pelo orifício juvenil por um tobogã que desemboca num mundo diferente. Lá, as flores nasciam em todas as estações, o clima era agradável, os animais não eram selvagens e o imposto de renda não existia. A principal cidade era Huehuetenango, onde o dialeto principal era o “huehue”. À medida que os cogumelos se encantam na cidade, os vilões aparecem, dentre eles Barrios, prefeito da cidade e chimpanzé, e Carpio, que era uma girafa obesa e também trabalhava como assessor de um deputado qualquer (cargo comissionado). Um dragão, chamado Godines, também pode ser declarado como vilão, até o momento em que ele foi reclassificado, saltando da classe média para a baixa, e apelidado de “inflação”, soltou um fogaréu nos políticos corruptos, que já existiam mesmo no mundo fantástico descrito no inicio. Mas e Germanio? Bom, no fim, o garoto salva os cogumelos colocando a mão dentro do umbigo, sem antes levar uma bofetada da mãe por atos indecentes em público. Aos 18 anos, ao sair do sanatório, Germanio retorna as origens, e é preso por porte ilegal de entorpecentes (rivotril e cafeína), tendo escapado em uma fuga heróica, mas legal judicialmente. Tudo isso em apenas 50 páginas!
Bem, como não quero que mais ninguém leia esse livro (pois só intelectuais como eu conseguem chegar até o final, sem fazer aqueles “feriados de meio de semana”, dando saltos em distância no meio para dizer que leu), vou contar o final. Spoiler? Azar. Não me conhecem. Não sabem do que sou capaz, rapaz. Germanio se casa com Frida, ex-mulher de Fritz. Paparazzis que cobrem o casamento matam os dois devido ao excesso de flashs radioativos, e os dois são enterrados em Jupiter, à pedido do irmão de Germanio, Gerundio. Um pôr do sol melancólico toma conta de Huehuetenango, que por ficar dentro do umbigo de Germanio, agora era dominada por bactérias decompositoras jupterianas.

Andy Molina quer que abarquemos que nossos sonhos podem ser realizar, mesmo que uma vida de 3500 páginas lhe diga que não. E que há uma vida além de nosso umbigo. E como comprovou Randle em “Um estranho no ninho”, há uma vida além do sanatório.




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