quinta-feira, 21 de julho de 2016
Bom dia. Hoje, humildemente, quero explanar sobre como se criar um
filho. Pois depois que eu criei um, qualquer paspalho pode criar, é claro.
Primeiramente, não é necessário ter experiência. Um dia fomos filhos. E
um dia nossos pais foram filhos. Então já era, certo?
Feito isso, viva normalmente. Eu, por exemplo, gosto de pescar na roça
no domingo. Mas detesto quando meu filho chora em cima do barco, espantando
todos os peixes, e como minha mulher está trabalhando (segundo diz a canção),
tenho que dar um jeito. Definitivamente detesto pescar.
Então vou para o bar beber uma cerveja. Mas o Morcilha, dono do bar,
nunca tem leite em mamadeira. Sequer leite ele tem. Meu filho sempre chora ao
ouvir o Candongo cantando seus pagodes. É de doer os ouvidos. Mas para o bebê é
pior, pois seus ouvidos são mais sensíveis. Absolutamente eu não gosto de bar.
Logo, tento ver o jogo do Flamengo e Corinthians tomando a cerveja que
deveria ter tomado no bar. Mas logo vem a cagança. E não é do jogo em questão.
É do moleque mesmo. Tenho que trocar aquela meleca que parece o cérebro do
apresentador do programa posterior ao jogo. E cheira pior que purê de batata
estragada. Categoricamente eu não gosto de futebol aos domingos.
Para ser sincero, meu filho não dá nenhum trabalho. É fácil cuidar
desses pequenos detalhes cotidianos. Principalmente quando você pode pagar por
uma babá como eu. Daí eu posso pescar, beber e curtir um futebol sem me
preocupar com o meu filho. Quando eu era pequeno as coisas eram mais difíceis.
Meu pai me dizia: “Filho, faça por merecer!”. E é isso que eu faço com meu
garoto, mesmo que ele seja um bebê. Demiti a empregada e o deixei sozinho
durante o último domingo.
É claro que eu levei umas bofetadas de minha mulher por isso. Mas eu
estava sendo original, sendo eu mesmo, um paspalho.
Aos trancos e barrancos ele cresceu, hoje está com cinco anos. Aos três
fomos a Disneylândia, e aos quatro, a agência de viagens me processou por eu
não ter quitado a dívida e fui para a cadeia. Mas como tinha amigos influentes
na chefatura (que eram subordinados ao conglomerado de mídia a qual eu faço
parte), consegui um habeas porcos. Meu filho não sentiu minha falta, e até
aprendeu a andar, falar e a tocar violino durante esse tempo. Quando eu voltei,
ele esqueceu tudo.
Bom, acho que era isso. Criar um filho é tão fácil quanto juntar a
documentação para um processo seletivo de bolsas do governo. E fique tranquilo:
quanto se sentir incapacitado, ligue a caixinha mágica a sua frente na sala que
eu lhe darei algumas dicas. De muitas coisas, e também de como criar um filho.
Pois o mundo tem muito a oferecer a seu filho. E isso, terminantemente,
qualquer paspalho sabe.
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