sábado, 16 de julho de 2016
Recebo cartas diariamente. Algumas são boletos, a maioria atrasados.
Mas não são desses que falarei. São daqueles corações sedentos por baboseiras
prolixas. E nisso eu sou bom. Uma dessas
cartas dizia: “Meu caro, amo meu namorado, desde o momento que eu o conheci.
Mas agora não o amo mais. Foi paixão?”. Deixa-me entender: ama e não ama mais?
O amor é confuso, às vezes. Mas não a ponto de me fazer perder tempo. Como a
maioria das pessoas não sabe a diferença entre paixão e amor, eu irei
decodificar, em prosa e verso, como Lord Byron e Martinho da Vila:
Amar
está mais para o eterno,
Paixão
é nômade,
Quer-nos
por uma noite,
Às
vezes me apaixono por quem amo,
Outras
vezes amo algum apaixonado,
Pois
o amor fica e a paixão vai,
Mas
amar apaixona,
A
paixão parece amor,
Paixão
é confusão,
Como
fone de ouvido enrolado,
Amor
é simples,
Como
descascar uma bergamota,
Não
ame um apaixonado,
Ele
pode estar amando,
Não
se apaixone por um amador,
Pois
já nos bastam os deputados,
Apaixonar-se
por alguém é um mal,
Mas
às vezes o amor cura,
Apaixonar-se
por artistas de TV é uma doença,
Mas
às vezes a terapia cura,
Sei
que paixão é passageira,
Mas
o amor sempre será o motorista,
Sei
que amor é chiclete,
Mas
a paixão é sorvete
(Ela derrete com o calor dos suspiros),
Enfim,
amor é pedra, a paixão aerolito,
O
amor e a paixão podem estar juntos, mas se separam,
-
Você é meu amor (paixão)! – engana-se o rapaz.
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